QUEREMOS SABER...




Queremos Saber
Gilberto Gil

Queremos saber o que vão fazer
com as novas invenções.
Queremos notícia mais séria
sobre a descoberta da antimatéria e suas implicações
na emancipação do homem, das grandes populações,
homens pobres das cidades, das estepes, dos sertões.
Queremos saber quando vamos ter
raio laser mais barato.
Queremos, de fato, um relato,
retrato mais sério do mistério da luz.
Luz do disco voador pra iluminação do homem
tão carente, sofredor.
Tão perdido na distância da morada do senhor
Queremos saber.
Queremos viver confiantes no futuro.
Por isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão.
A ilusão do poder.
Pois se foi permitido ao homem tantas coisas conhecer
é melhor que todos saibam o que pode acontecer.
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos saber...

Logo depois que publiquei o post sobre o LHC tive uma conversa com um grande amigo, que também gosta muito de ciência mas tem uma visão mais “holística” das coisas, na qual ele me falou: “Pois é cara! A gente fica festejando esse colisor de partículas e nem imagina as implicações que isso pode ter na nossa vida prática. Tanto pode mudar o mundo (ou acabar com ele, como vimos), como também pode não mudar nada para nós, míseros mortais de carne e osso (o que é mais provável)”.
E completou: “Será que Deus deseja que o homem investigue tão a fundo a sua criação?”
Confesso que fiquei refletindo sobre aquilo e me veio na cabeça o poema acima, que na verdade é uma música do Gilberto Gil, do disco ao vivo “O Viramundo” de 1976, regravada anos depois pela saudosa Cássia Eller.
É não é que o Gil, quando eu tinha apenas três anos de idade, já tinha feito a mesma reflexão que o meu amigo Cláudio?
Nos anos 70 a antimatéria já não era novidade, já que foi prevista pelo físico inglês P. A. M. Dirac, em 1928, e descoberta experimentalmente pelo americano Carl Anderson, em 1932. Já havia quase meio século que vinha excitando a imaginação do público e sendo objeto de especulação de muita gente. O que havia de diferente nos anos 70 não era a ciência, mas as pessoas e sua visão das coisas, da própria ciência, da religiosidade...
Naquela década alguma coisa de especial aconteceu... e eu sinto que é mais ou menos o que está acontecendo agora, neste conturbado início de milênio. Depois dos anos 70 o mundo nunca mais foi o mesmo... assim como não será o mesmo depois da primeira década do século XXI. Leia o poema uma vez mais, e reflita você também.
Em tempo: a representação da antimatéria com o qual abri esse post não te lembra o símbolo do yin yang?
Queremos saber...
Valeu Claúdio.
Um abraço a todos.

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"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden