BLACK RIO

Podem falar o que for desse país, mas ninguém pode negar que o Brasil é o melhor país do mundo em termos musicais. Isso fica incontestável diante do trabalho da Banda Black Rio. No último post falei que ia comentar sobre os sons que tenho ouvido... pois é! Descolei no 4 shared os três clássicos discos dessa banda, gravados no final da década de 70.
A B.B.R. foi formada no Rio de Janeiro em 1976 fazendo uma mistura genial de samba, funk, soul, jazz, baião e o que mais caísse no liquidificador sonoro.
A cena: Rio de Janeiro, mas não na Zona Sul, da classe média alta, distrito branco que gerou a bossa-nova, mas na cidade que os cartões postais escondem, a Zona Norte, os morros, as favelas e as escolas de samba. Lá, o movimento Black Rio se estabeleceu nos bailes de fim de semana, que se tornaram muito frequentados e aconteciam nas quadras das escolas de samba. Quem ia para esses bailes? Muitas pessoas, essencialmente negros que, influenciados peo Civil Rights Activism da América do Norte, absorviam e transformavam essa nova postura para a nossa realidade brasileira.
A gravadora Warner havia acabado de se estabelecer no Brasil, e queria criar uma banda que fosse pioneira desse movimento; então eles chamaram Oberdan Magalhães, um renomado saxofonista, que aceitou o desafio formando a B.B.R.. Nascido e criado em Madureira, era primo de Silas de Oliveira (grande compositor de vários sambas enredo e um dos fundadores da Escola de Samba Império Serrano) e afilhado de Mano Décio da Viola (outro grande nome do Samba) tinha, portanto, a tradição do samba na família além de outros conhecimentos musicais.
Muito influenciado tanto por Pixinguinha quanto por Coleman Hawkins, grande admirador de Cartola e Stevie Wonder, levou adiante seus planos de fusão musical para os nigth-clubs do Rio, onde começou a tocar aos 15 anos de idade. Estudante de Paulo Moura, grande mestre brasileiro do saxofone, ingressou no grupo "Impacto 8", onde começou a delinear o que seria mais tarde o som da B.B.R.. Oberdan reuniu músicos como Raul de Souza e o baterista Robertinho Silva, tocando uma mistura, ainda inicial, de soul, jazz e samba. A partir daí juntou-se ao pianista Dom Salvador e o grupo Abolição, onde conheceu alguns dos músicos que fizeram parte da primeira formação da B.B.R., como o trompetista Barrosinho, o trombonista Lúcio e o baterista Luis Carlos. Entre shows e sessões de gravação, conheceu o guitarrista Cláudio Stevenson, o baixista Jamil Joanes e o pianista Cristovão Bastos. Foi com esses músicos que ele formou o grupo Rio 40°.
Quando veio, na ocasião, o telefonema da Warner, Oberdan chamou seus colegas que, nesta época, estavam tocando em lugares diversos. Oberdan, então, elaborou um trabalho musical que não somente era dançante como também misturava os grooves do samba e do funk com a musicalidade do jazz, com referência à gafieira.
A banda, então, gravou três discos: o instrumental "Maria Fumaça" (1976),
"Gafieira Universal" (1978) e "Saci Pererê" (1980), além de ter sido convidada a participar de outros discos, como o de Luiz Melodia e Caetano Veloso, este último gravado ao vivo, chamado "Bicho Baile Show".
A banda continou fazendo shows no início da década de 80. Teve, porém, um fim súbito devido à morte de Oberdan em um acidente de carro em 1984. Quinze anos depois surge uma nova formação da B.B.R., através do filho de Oberdan, William Magalhães, pianista, tecladista, arranjador e produtor que trabalhou com vários artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Ed Motta, Marina Lima, Cláudio Zolli, Cassiano, Sandra de Sá, Milton Nascimento, entre outros... esta nova formação lançou, em 2001 o disco entitulado "Movimento", que alcançou grande repercussão na Europa, onde, aliás, os discos da primeira formação da B.B.R. são disputados à tapa nas lojas especializadas em raridades musicais, tendo influenciado bandas como Jamiroquai, Monday Michiru, entre outras.
Para quem gosta de boa música, é viagem garantida. Os três discos já estão bombando no meu MP3.
Um abraço, amigos, e até o próximo post do boteco. Fiquem com Deus.

TRILHA SONORA


Olá, amigos... depois de um breve e merecido descanso, estamos de volta para começar, finalmente, esse tal de 2009...
Muitas idéias, muitas novidades, músicas, pesquisa, evolução espiritual e conhecimento é o que pretendemos trazer para os amigos de boteco, sem esquecer, é claro, de uma cervejinha gelada, afinal ninguém é de ferro!
Tenho ouvido muita música e estou com uns sons novos aí que gostaria de comentar... Alías, antes gostaria de falar da pequena revolução que a tecnologia causou na minha vida nesse aspecto:
Gosto de tecnologia mas não tenho grana e nem a falta de senso para sair aderindo a todas as novidades do mercado de "gadgets". Mas mesmo sendo esse bronco, tenho que reconhecer que um gadgetzinho me pegou pelo pé, ou melhor, pela orelha! É o tal de emepêtrês player...
Sempre fui um cara fissurado em música e nos áureos tempos da vagabundagem adolescente (que já vão longe...) ouvia música da hora em que acordava até a hora de dormir (mania herdada da minha mãe, que ao acordar, a primeira coisa que fazia era ligar o rádio...), depois, com a maioridade e os compromissos, esse tempo de deleite sonoro ficou substancialmente reduzido a algumas horas do dia, geralmente à noite. No trabalho dava até para ouvir um pouco, mas é muito chato forçar as outras pessoas a ouvirem o que você gosta, e como sempre tive um gosto musical excêntrico para os padrões "normais", acabava abrindo mão... O tal do Walkman, eu sempre achei um trambolho, tanto o de fita quanto o de CD, e com a minha fome de música, eu teria que carregar também uma mochila com dezenas de CD's e fitas cassetes. Definitivamente, não dava certo!
Até o dia em que alguém teve a feliz idéia de inventar um aparelhinho para tocar os velhos arquivos de música do computador!
Confesso que relutei bastante até comprar o meu, por dois motivos: Eram caros e com memória irrisória e achava meio antipática essa coisa de andar pela rua com um fone no ouvido, viajando como se estivesse em uma dimensão à parte. Sempre pensei que isso não daria certo na época dos nossos avós: Imagine andar pela rua ignorando as pessoas, sem falar bom dia para ninguém... Isso, infelizmente, hoje em dia é normal. Estou acostumado a dar bom dia e as pessoas ficarem com aquela cara de paisagem como se estivessem pensando "Esse cara tá me cumprimentando porque deve ser algum tarado ou assaltante..."
Bom, como passei a não me preocupar em parecer antipático e o problema do preço x memória foi resolvido, finalmente comprei um aparelhinho, em 2007, com 4 gigabytes de memória (o que dá para umas 700 músicas...). Custei a encontrar um fone que atendesse às exigências do meu ouvido de melômano e, finalmente, minha vida mudou! Agora só ando pela rua ouvindo boa música e o aparelhinho ainda revelou uma outra função: me ajuda a escapar do péssimo gosto dos motoristas de ônibus, que teimam em colocar música sertaneja ou evangélica no último volume...
Hoje mesmo, vim para o trabalho ouvindo "A Love Supreme" do John Coltrane, uma bela viajem sonora para ouvido nenhum botar defeito. Quem viu minha cara de êxtase deve ter achado realmente que sou algum tipo de pervertido... mal sabendo eles que o "Amor Supremo" a que se refere o Coltrane é o "Amar a Deus sobre todas as coisas" que o Mestre ensinou...
Mas é isso! Sobre o que ia ser esse post mesmo? Ah é! Eu ia comentar as músicas que tenho ouvido ultimamente... viajei na maionese do mp3... fica para o próximo então!
Um abraço e aguardo vocês sempre aqui. Fiquem com Deus.

Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden