MÚSICA ELETRÔNICA

Estava já há um bom tempo com vontade de escrever um post sobre música eletrônica. Para conseguir a devida inspiração, resolvi que passaria uma semana inteira só escutando M.E. em meu mp3... e assim foi. Uma semana inteira só ouvindo Nine Inch Nails, Prodigy, Crystal Method, Daft Punk, Moby, Goldie, Front 242, Chemical Brothers, Asian Dub Fundation, Björk (maravilhosa), DJ Marky, Suba e Kraftwerk. Só trabalhos que eu acho interessantes, do ponto de vista musical. É claro que às vezes o "tuntz-tuntz" de algumas músicas cansa um pouco o ouvido, por isso, para quebrar um pouco o ritmo, acrescentei ao meu setlist alguma coisa de Dub (Sly e Robbie) e um disco do Outcast.
Tem bastante tempo que sou fã de M.E.. Cheguei até ela através das bandas que misturavam Rock industrial e eletrônico, tipo Ministry e Nine Inch Nails. Claro que já conhecia os clássicos, tipo Kraftwerk e Front 242 e alguma coisa da Eletronic Body Music desde os anos 80, mas só fui começar a compreender o que ouvia muito mais tarde. Nessa época, bandas como Pet Shop Boys, Ereasure, Technotronic e Depeche Mode me irritavam bastante. Achava interessante alguma coisa do New Order, mas não era fã. Criticava muito essa coisa do Tecno-Pop e não considerava seus artistas músicos de verdade, apenas programadores de computador...
Essa idéia começou a mudar quando ouvi Ministry. Só aí começei a sacar que dava para fazer boa música usando a tecnologia, afinal... depois veio Nine Inch Nails, mas o meu batismo na música eletrônica propriamente dita veio com o disco The Prodigy Experience de 1992. Aí sim me convenci de que não importam os instrumentos e sim as sensações que a música consegue causar no seu público. Liam Howlett era apenas um cara franzino atrás de uma montanha de teclados e o Prodigy se resumia a isso e mais alguns malucos dançando e cantando rap, mas eu achei muito bom. Talvez porque nessa época já estava escutando coisas mais elaboradas e tinha condições de compreender as nuances melódicas e a complexidade rítmica daquela doidera.
A partir daí comecei a querer conhecer mais e mais da música eletrônica, escutei de novo os discos do Kraftwerk e descobri alguns ótimos trabalhos brasileiros, tipo AD, Flanger, Marky, Patife, o Suba (que não era exatamente brasileiro), entre outros que não me recordo agora... E daí veio também a minha tese de que a música eletrônica tem um componente psicológico, capaz de causar nos ouvintes uma sensação hipnótica...
Bem, vamos dar uma passada na história da M.E. e voltamos a esse tema depois:
A idéia de se fazer música usando instrumentos capazes de gerar som sem recursos acústicos, ou seja, através da eletrônica, surgiu em 1850, mas foi em 1897 a criação do primeiro instrumento musical eletroacústico: O dinamofone ou tel
earmônio, criado por Thaddeus Cahill. A máquina consistia num dínamo elétrico, associado a indutores eletromagnéticos, capaz de produzir diferentes frequências sonoras. Estes sinais eram comandados por um teclado e um painel de controles e difundidos pela linha telefônica (!), cujos terminais estavam equipados com amplificadores acústicos colocados em locais públicos. Gostaria de ver de perto uma parada dessas!
A partir daí a tecnologia de instrumentos eletrônicos foi se desenvolvendo, passando pelo teremin e pela invenção dos órgãos eletrônicos até a criação dos sistemas de computadores especializados em fazer música. Até aí a música eletrônica era uma ramificação da música clássica, e estava ligada a maestros como Stockhausen (que compôs uma sinfonia para ser executada com orquestra e quatro helicopteros), Pierre Boulez, entre outros, mas com a popularização da tecnologia, ela foi adotada pela cultura popular, isso por volta da década de 60.
A partir daí surgiram diversas vertentes de música eletrônica, além da utilização de instrumentos eletrônicos em discos de bandas como Beatles, Beach Boys, Emerson, Lake & Palmer, etc.
Vamos às principais vertentes de música eletrônica que surgiram então: Industrial Music, Ambient Music, Breakbeat (decada de 70), Downtempo (raízes na decada de 70, mais evidenciado na decada de 90), Dance Music, House Music, Electro, Tecno Pop (década de 80), Techno, Trance, Drum and Bass ou jungle (década de 90). É claro que dentro de cada vertente existem dezenas de ramificações e alguns grupos apresentam trabalhos que se enquadram em várias vertentes, mas esses rótulos são úteis para analisar as influências e avaliar a evolução da música eletrônica. Quanto ao Hip-Hop e ao Dub, apesar de serem enquadrados dentro do Breakbeat e do Downtempo, pois são eletrônicos, para mim estão mais como ramificações da Soul Music e do Reggae, respectivamente. Para saber mais, visite o verbete da Wikipedia, de onde eu tirei as informações para esse post.
Voltando a minha análise pessoal, assim que conheci de verdade a música eletrônica, percebi que ela era capaz de ativar na mente certas sensações que dificilmente se conseguia com a música convencional, talvez bandas como os Beatles e Jethro Tull, conseguissem, mas a M.E. era como uma overdose de informação matematicamente elaborada para o cérebro, capaz de ativar estados alterados de consciência. Sei que muitos de vocês estão pensando, mas isso não tem nada haver com drogas. Muita gente usa maconha, lsd, ecstasy, etc. para "sentir" a música, mas dá para fazer uma viagem drug-free com a música eletrônica, desde que o ambiente seja propício.
Estranhamente, apesar de gostar de M.E. nunca fui grande frequentador de danceterias. Pra dizer a verdade, na época em que eu frequentei o que rolava nesses lugares era Rock e não M.E. e as ditas Raves que rolam por aí muitas vezes apresentam um tipo de música equivocada e muito aquém do meu gosto. Quem souber de alguma Rave de verdade rolando por essas bandas, por favor, me avise.
Esse foi o meu post sobre música eletronica. Espero não ter sido muito didático (ou chato mesmo) e aguardo a opinião de vocês nos comentários.

Até breve.

Obs.: Na imagem, a "mesinha" de som utilizada por Liam Howlett na gravação de Always Outnumbered, Never Outgunned de 2004.

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