FUTURO PRIMITIVO - JOHN ZERZAN


Saudações, membros dessa nobre confraria!

Hoje vou compartilhar com vocês minhas opiniões sobre o último livro que li: Futuro Primitivo, de John Zerzan, um dos mais conhecidos autores anarquistas, considerado, ao lado de Daniel Quinn (do qual falaremos em breve), um dos expoentes da corrente de pensamento conhecida como “Primitivismo”.
John Zerzan (nascido em 1943) se destaca na segunda metade da década de 1980 enquanto filosofo e escritor de aspirações primitivistas. Seus trabalhos focam a civilização e sua inerente opressividade, defendendo formas inspiradas no modo de vida das sociedades humanas pré-históricas como modelos de sociedades plenas de liberdade. Algumas de suas críticas mais desafiadoras se estendem ao processo da domesticação, à linguagem, ao pensamento simbólico (como a matemática e a arte) e à conceituação de tempo. Seus escritos mais conhecidos são "Elementos da Rejeição" (1988), "Futuro Primitivo" (1994), "Contra a Civilização: Um Leitor" (1998) e "Correndo no Vazio" (2002).

Em "Futuro Primitivo", John Zerzan limita-se a apresentar bases científicas para seu argumento de que a invenção da agricultura e posteriormente, da civilização, foram os erros cruciais que afastaram a humanidade da sua harmonia com a natureza e nos trouxeram ao atual estado de deterioração do meio ambiente, desigualdade, alienação e concentração de poder. O autor analisa várias pesquisas feitas por arqueólogos e antropólogos (citando a fonte da cada uma), estas últimas, realizadas junto às populações remanescentes dos chamados “caçadores-coletores” em diversas partes do mundo.

Não se trata de nenhuma utopia delirante ou ingênua, como pode parecer a primeira vista, pois John Zerzan defende seus argumentos com fatos incontestáveis. É no mínimo um exercíco interessante imaginar uma vida mais simples e, portanto, mais plena, como a dos primeiros seres humanos, há milhões de anos. Como diz o autor em certo trecho: “Definir um mundo desalienado seria impossível, inclusive indesejável, mas podemos e devemos tentar desmascarar o não-mundo de hoje em dia e como chegamos a ele. Temos tomado um caminho monstruosamente errado com a cultura simbólica e a divisão do trabalho, de um lugar de entendimento, encanto, compreensão e totalidade para a ausência que nos encontramos, no coração da doutrina do progresso. Vazia e cada vez mais vazia, a lógica da domesticação, com suas exigências de total dominação, nos mostram a ruína de uma civilização que arruína todo o resto. Presumir a inferioridade da natureza favorece a dominação de sistemas culturais que logo tornarão a Terra um lugar inabitável.
O livro inclui ainda uma entrevista concedida pelo autor ao Coletivo Erva Daninha, onde ele esclarece melhor ao leitor sobre o pensamento primitivista: “O agravamento da situação para a biosfera, a sociedade, e o indivíduo – a crise em todos os níveis – é o mais forte ímpeto para o repensar de tantas velhas suposições triviais e instituições. Divisão do trabalho, domesticação, até mesmo os componentes de nossa cultura simbólica e a própria civilização – tudo isso agora encontra-se com pontos de interrogação. Quando a negação começar a desabar, nós bem que poderemos ver um desafio à ordem existente que fará o movimento dos anos 60 parecer muito superficial e sem graça.

Recomendo a leitura aos frequentadores do Boteco. Estou disponibilizando uma versão em PDF, digitalizada pelo pessoal do saudoso Coletivo Sabotagem (alguém sabe por onde anda essa turma? Os links não funcionam mais...). Para fazer o download é só clicar no link a seguir. E boa leitura!

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"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden