AS MENINAS QUE VENDEM CHOCOLATE NA RUA



Centro urbano tem dessas coisas... as pessoas aprendem a usar artimanhas para tentar sobreviver. Um caso comum para ilustrar essa verdade do ecossistema da cidade é o da menina-inocente-que-vende-bombom-para-ajudar-a-família.
A menina do chocolate já é uma figura facilmente encontrada nas áreas centrais das principais cidades. Elas chegam de mansinho, com um sorriso simpático e pedem, quase em uma súplica: "Moço! Compra um bombom? É pra ajudar lá em casa..." O olhar meigo e levemente marejado, a voz suave e em tom infantil. São geralmente bonitas e vestidas de forma simples, mas com todo charme de menina-moça.
Desde a primeira vez em que fui abordado por uma delas, senti um clima de leve sedução em seu modo de falar e se portar, uma tática louvável para alguém que quer e precisa vender o seu produto. Mas depois de umas duas ou três abordagens, comecei a achar a coisa forçada. Como se elas deixassem a entender que, comprando o bombom se pode ganhar alguma coisa a mais.
Por favor, amigos de boteco, me entendam: não é preconceito, só estou registrando as minhas impressões acerca desse comércio para lá de informal.
Pois então, seguindo o raciocinio, a forma de se aproximar e falar com o possível freguês em tom de quase intimidade já me deixava desconcertado. Hoje presenciei um fato que me deu a certeza de que há algo mais  nessa história: Vi uma dessa meninas na calçada e já me preparei para desviar da mesma, para evitar ter que dar as desculpas que já são mais que batidas como "Não, obrigado. Sou diabético...", quando percebi que ela mirava outro alvo: um senhor, já com seus cinquenta anos. Mas o olhar que a moça, muito bonita por sinal, lançava ao homem, tinha o triplo do grau de sedução dos que comumente eram lançados a mim. E para minha surpresa, o olhar foi seguido de uma piscada de olho e um beijinho jogado ao ar. Os olhos do senhor brilharam e a menina falou: -Moço! (para elas todo mundo é "moço") Posso falar com o senhor? O homem, mais que depressa, deteve sua caminhada e se aproximou da guria para ouvir: "compra um bombom?"
Pensei comigo: "Não é possível. O cara deve ser conhecido dela para receber tamanho grau de intimidade". E fiquei por ali, disfarçando como quem olha a vitrine de uma loja, para ver se aquilo tudo era "técnica". E não é que aconteceu exatamente com mais três cavalheiros que passaram pela calçada. Pensei comigo, de novo: "Sábio quem disse que a prostituição é a mais antiga das profissões. Tão antiga que agora até faz escola, influenciando outras áreas do comércio..."
Aguardo a opinião dos amigos acerca do assunto.

Abraço a todos. 

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"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden