CAMPANHA POR UM MUNDO MELHOR


O ANIVERSÁRIO DO VELHO LUA




Zelação cruzou o céu do Araripe naquele dia 13 de dezembro de 1912. Januário delirou de alegria com a chegada de Luiz. Pai do Brasil, gênio da raça, filho da terra, tanto fez e tanto cantou que a gente não sabe mais quem veio primeiro: Gonzaga ou o Nordeste. Forma, ao lado do orixá Dorival Caymmi e do erê Noel, a minha santíssima trindade brasileira – senhor do mapa sonoro das nossas gentes.

Lua é feito banho de rio, balanço de rede, drible, passe, xirê, rabo de arraia, ciranda, quermesse, novena, baticum, asa branca, assum preto, légua tirana, água de cacimba e acauã.

Seu Luiz é o Brasil entranhado e os seus chamamentos, voz da seca e florada no pé da serra, canto ancestral e ancestral do canto, egungun brasileiro, entidade poderosa do povo de cá, totem, cerâmica marajoara, boneco de Vitalino, santo de andor e exu de rua – arrepiando no fole da sanfona que nem Seu Sete da Lira, sedutor de donzelas, faria melhor.

Muito do meu amor pelo Brasil devo a Lua, ídolo maior dos velhos que me criaram – avô e avó vindos de Pernambuco e das Alagoas. Eles me ensinaram, ao cantar o gigante do Araripe, a acreditar no Brasil insinuante, nó do mundo, ponto de virada, possibilidade de grandeza no rame-rame de suas belezuras.

Lua é a civilidade mais entranhada de alumbramentos, sanfonando o mundo como Besouro recriava o sonho no arrepiado das capoeiras e Mané driblava o desmantelo da vida em beleza na linha de fundo.

Os velhos do santo dizem que, depois de criar os orixás e as enormidades do universo, Olodumare passou a se preocupar com um detalhe: se os homens estão fadados ao esquecimento, quem saberá rememorar o dia da criação e louvar os seus encantamentos? Quem perpetuará o limiar dos tempos?

Para resolver o dilema, Olodumare concedeu a alguns homens o poder do canto, os secretos da música, da dança e dos chamamentos da poesia – para que a arte celebre o alvorecer da vida e seja capaz de ludibriar a finitude em sons imorredouros.

Luiz Gonzaga, o aniversariante de 13 de dezembro, é um desses eleitos permanentes do Deus maior, abençoado pelas musas de pés rachados e fulô nos cabelos que serpenteiam, pobres de marré-de-si, de baixo pra cima o Araripe, com as asas secretas de alforriar os mundos.

Abraços

(Homenagem lindíssima de um Luiz ao maior Luiz que esse Brasil já produziu - Para ler outros textos do grande Luiz Antônio Simas visite: http://hisbrasileiras.blogspot.com - não é sugestão, é uma ordem...)


CLÉCIO PENEDO NO ZÉLIA ARBEX

Chega ao Espaço Cultural Zélia Arbex, da Secretaria Municipal de Cultura de Volta Redonda a exposição "Notas de Um Percurso Gráfico - 50 Anos da Arte de Clécio Penedo". A exposição-homenagem fica lá até o dia 15 de janeiro. Excelente oportunidade para quem não conhece o trabalho desse grande artista, morto em 2004. Veja o texto de divulgação da Secretaria de Cultura:

"A mostra Notas de um Percurso Gráfico – 50 anos da arte de Clécio Penedo, está em cartaz até o dia 15 de janeiro no Espaço das Artes Zélia Arbex, na Vila Santa Cecília. A exposição, aberta ao público nesta sexta-feira (dia 2), pode ser visitada diariamente, das 10h às 19h. Para o dia 15 de dezembro, às 20h, está marcado um debate sobre a obra de Clécio Penedo, às 20h, no Auditório da Prefeitura Municipal de Volta Redonda, no Palácio 17 de Julho, na Praça Sávio Gama, no bairro Aterrado. Participam da mesa redonda André Luiz Faria Couto, Letícia Milen Penedo e Ronaldo Auad Moreira, com mediação de Andréa Auad.
       
A exposição é uma retrospectiva da obra de Clécio Penedo (1936 – 2004), um dos mais conceituados nomes do desenho brasileiro contemporâneo, no âmbito das comemorações dos 75 anos do nascimento do artista. Numa promoção do Instituto Cultural Clécio Penedo, a exposição engloba 120 obras, produzidas ao longo de 50 anos de atividades, organizadas e divididas em 14 séries. Com mais de 30 exposições individuais e 40 coletivas no Brasil e no exterior, Clécio Penedo teve sua carreira marcada pela preocupação social.
       
De acordo com um dos curadores da exposição, Edson Borges - a outra é Antonieta Penedo - Notas de um Percurso Gráfico é uma exposição que contempla 50 anos de produção gráfica e plástica do artista visual Clécio Penedo. Nascido em 14 de dezembro de 1936, na cidade de Bom Jardim, em Minas Gerais, Clécio Penedo inicia seus estudos artísticos na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, no ano de 1954, deixando-a em 1956. Como herança destes dois anos, Clécio Penedo dedica-se à pintura a óleo e, pelos dezessete anos seguintes, desenvolve grande acuidade técnica e uma pintura mimética, Mas é no ano de 1973 que Clécio Penedo inicia sua formação artística fundamental, ao ingressar no Centro de Pesquisa e Arte, no Rio de Janeiro, estudando com Ivan Serpa e Bruno Tauz. Durante seus dois anos de estudos com o grupo, Clécio Penedo desenvolve uma pesquisa imagética interpenetrada por figuração e abstração que, em Notas de um Percurso Gráfico, evidencia-se nas séries Geróticos, Inominados e Corpo sem Cabeça.
       
Após sua saída do Centro de Pesquisa e Arte, Clécio Penedo ingressa nos cursos de calcogravura e desenho, do Museu de Arte Moderna, também no Rio de Janeiro, com Aluízio Carvão e Eduardo Sued. Ao longo de sua juventude, Clécio Penedo vive um conturbado período histórico brasileiro, o que, mais tarde, subsidiará a constante presença, em sua obra, de temáticas sociais e culturais que discutem o indivíduo como um corpo indissociável do seu espaço existencial e histórico.
       
Nesta exposição, é evidente a preocupação de Clécio Penedo com a construção da identidade social e política brasileira, pois o artista conjuga o Manifesto Antropófago, com a ironia e contundência da Pop Art, em uma crítica direta à colonização européia e, mais tarde, à total abertura nacional à americanização, vistas nas séries És Tupi do Brasil, Cartilhada, Comei-vos Uns aos Outros e Jary.
       
Nas séries Marcas de um Março Marcial, Os anos 60 e Re-tratos, percebemos a insatisfação e afronta do artista para com a política nacional e a ditadura. Para além de uma exposição comemorativa, ou mesmo retrospectiva, Notas de um Percurso Gráfico apresenta ao público uma complexa articulação entre o processo criativo e a imagem ´pronta`, assim, além de desenhos, gravuras, colagens, plotagens e pinturas referentes à produção de Clécio Penedo, o público terá acesso a estudos, a rascunhos, a croquis e anotações que precedem a ´finalização` de uma imagem, desmistificando a ´aura divina` do fazer artístico e revelando o laboro intelectual, teórico, prático e metódico existente por toda a obra de Clécio Penedo, desde seus primeiros trabalhos até sua última série produzida, Corpo sem Cabeça, em 2002, antes de seu falecimento em 17 de janeiro de 2004.
       
Edson Borges é graduado em Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas pelas Faculdades Integradas Teresa D`Ávila (Lorena-SP), Pós-Graduado em Teorias e Práticas em Arte Contemporânea pela mesma instituição, Mestre em Ciência da Arte pela UFF. Artista Visual com produção em desenho e gravura, professor de Artes Visuais do IFG - campus Formosa, tem exposições coletivas e individuais. Organizou e curou diversas exposições e, em novembro de 2009, foi contemplado pelo projeto Vida Longa ao Vila Longuinhos, em Recife-PE. É curador responsável pelo acervo do Instituto Cultural Clécio Penedo e vem, desde 2009 organizando e curando as exposições do ICCP e Clécio Penedo."

Conheça também o Instituto Clécio Penedo: http://www.institutocleciopenedo.com/

MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU EM VOLTA REDONDA

É isso mesmo, galera! Depois de anos de ansiosa espera, teremos os Móveis aqui em V.R. E, o melhor, de graça! Na faixa! No mole!

Os caras vão se apresentar no Memorial Zumbi, no próximo dia 12 - sábado. A apresentação faz parte do programa Circuito Estadual das Artes e tem articulação do coletivo Ponte Plural. A idéia do circuito é levar apresentações a municípios do interior e bairros da periferia do Rio.

Antes da apresentação musical haverá um debate sobre autogestão de carreira, para apresentar a trajetória do grupo que conseguiu se solidificar no mercado atuando de forma independente. É a banda que organiza seu próprio festival e planeja as turnês, além de produzir e vender seus produtos, como camisetas e discos.

Não conhece os Móveis? Então leia matéria deste blog aqui sobre o último disco deles, "C_mpl_te", que é hit constante no meu mp3 player.

Se conhece, sabe que não pode perder esse show. Lá vai então o serviço completo:


Data: 12 de Novembro
Horário do Debate: 16h
Horário do show: 18h
Local: Memorial Zumbi dos Palmares
Endereço: Rua 16, sem número, Vila Santa Cecília, Volta Redonda – RJ.

Nos encontramos lá, então!

Maiores informações, no site do Coletivo Ponte Plural.


UPDATE: Me avisaram que o El Niño, grande parceiro, vai participar do debate e abrir o show. Veja aqui.

FAÇA UM MUNDO MELHOR: SIGA OS PROCEDIMENTOS #1


Mais um serviço de utilidade pública do Boteco do Ganso.

Y U MAD BRO


Amigos do Boteco, eis o post que eu estou querendo escrever há tempos. Façam o favor de ler e entender.

http://meiobit.com/

Abraços.

Ganso.

EMICIDA


Num é só ver
Não é só ver e julgar (tem que colar, tem)
Tem que ser (tem que ser) pra se misturar
Aí vai ver que é nois
Que o rap é voz, que o reggae é voz e o samba
Vai entender de nois, não só falar de nois porque você com nois nem anda
Rael da rima
Era meio de semana e eu durango sem grana
Do iporanga sentido a santo amaro e paro
E faço um tempo no ponto porque o tiozinho faz desconto
Eu pego um cigarro solto e dou uns trago
Claro que vou de carona ah
Será que tem condições porque tô sem condições
Daquela sem uns tostões, 'cê' tá ligado?
- ligado no quê, se eu só te vejo na praça
Com um violão e uns doidão e uma pá de fumaça
E quer pagar de falido, que tá todo fudido
Se passa fiscal aqui é tu que fode comigo
- firmeza, piloto, vai nessa, eu vou em outro
Tu é bom de direção, mas pensamento é escroto
O bagulho é louco e de pouco acontece
Tem gente que te vê, mas nem te conhece
Não é só ver e julgar (tem que colar, tem)
Tem que ser (tem que ser) pra se misturar
Aí vai ver que é nois
Que o rap é voz, que o reggae é voz e o samba
Vai entender de nois, não só falar de nois porque você com nois nem anda
Eu só queria saber que mania é essa
Toda mão que tu me vê cresce o zoio e já começa a dizer
Nem pra polícia passar aí e ver
Catar esse neguin' de meia hora pra bater
Bibi! é isso que tu não aguenta
Uns passam aqui e buzinam, outros param e comprimentam
Tambem, dou maior valor pra qualquer um
Pra tiazinha, pro careta e pros manos que fya bun
Não importa a idade, o sotaque, a cidade
Se é preto ou branco, se tem ou não tatuagem
Ah se toda empresa fosse asim
Me aceitasse como eu fosse e nao reparasse em mim
Repararam e vi que me julgaram, mas só me enrolaram
Igual você, gosta de julgar a aparência
Nem parou pra conversar, não teve essa competência
Mas tu mudou, não sei por quê?
Será que foi aquela fita que eu fiz de tv
Pra tu ver, você se asustou, né, do som até gostou
Aquele é o filho do zé, e a porra do cd quer
Pois é... é cinco conto


Não é só ver e julgar (tem que colar, tem)
Tem que ser (tem que ser) pra se misturar
Aí vai ver que é nois
Que o rap é voz, que o reggae é voz e o samba
Vai entender de nois, não só falar de nois porque você com nois nem anda


Emicida
Num é só ver...
Empresários perdem milhões
Pobres acham e devolvem
Barões matam nações
Que se refazem, se movem
Manipulam informações
Fodem
Grandes populações
Que não se envolvem
Trancados em mansões
É eles podem
Seguros das monções
Oh right, no problem
Epidemias, liquidações
Dormem,
Pessoas simples nos barracões
Orem
Calam manifestações
Olhem
Por cifras, com vidas
Não estranhe que joguem
Atras de notícias compradas
Se escondem
Sem dó tiram comida
De outro homem
Artistas fazem rir
Presidentes fazem chorar
Tiros são barulhentos
Mas não impedem de escutar
O canto dos que lutam pelo povo
Sempre vivo
Gente louca faz música
Gente séria explosivo


Não é só ver e julgar (tem que colar, tem)
Tem que ser (tem que ser) pra se misturar
Aí vai ver que é nois
Que o rap é voz, que o reggae é voz e o samba
Vai entender de nois, não só falar de nois porque você com nois nem anda


Para saber mais e fazer download: http://pignes.blogspot.com/2011/08/emicida-beatnick-e-k-salaam.html

AMY WINEHOUSE

R.I.P.
Amy Winehouse
14/09/1983 - 23/07/2011

NÓ NA ORELHA


Tem uma semana que esse disco, que eu peguei lá no Parabolicamarah, tá rodando no meu mp3. Depois da porrada inicial, levei um tempo para digerir esse maravilhoso trabalho. Criolo é um trabalhador de longa data do hip-hop nacional (ele inclusive mudou sua alcunha, que antes era "Criolo Doido").

Realmente, de doido o cara não tem nada. Ele tem, sim, uma visão própria e afinada do que são os subúrbios paulistanos, e muito além disso: Criolo traz o que há de melhor em termos de influência musical, passando pelo Afro Beat de Fela Kuti & cia, brincando com ritmos diversos e, o que é mais legal, se sentindo à vontade em cada um deles. Criolo tá em casa. E bem acompanhado. Ele reuniu nesse disco um time de feras capitaneados pelo Daniel Ganjaman, que dispensa comentários pela qualidade de tudo o que fez até agora.

Não sou um grande conhecedor, mas não escuto nada tão inspirador no hip hop nacional desde Babylon by Gus do Black Alien.

Criolo pega pesado mas, ao mesmo tempo, uma poesia, de uma sensibilidade tocante, permeia todo o trabalho. Sente aí:

NÃO EXISTE AMOR EM SP


Não existe amor em SP

Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase 
De um postal tão doce
Cuidado com o doce
São Paulo é um buquê
Buquê são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você

Não existe amor em SP
Os bares estão cheios 
De almas tão vazias
A ganância vibra
A vaidade excita
Devolva minha vida 
E morra afogada no seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu

Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro tuas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus.


Conversando ontem com o Thiago El Niño, artista do hip hop com um histórico respeitável, comentei sobre esse disco. E não é que o cara sacou da mochila um cedezinho com uma palavra só escrita nele: "criolo" e disse: "Tá aqui!" Pois é, a antena da galera continua sintonizando as mesmas e melhores freqüências.

Ah, claro, taí o link pro site oficial do Criolo, onde também é possível fazer download do "Nó na Orelha". É liberado. Deguste. http://www.criolo.art.br/criolononaorelhahotsite/

Abraços.

DIVAGANSOS


Apropriei-me de um termo cunhado pelo meu amigo e xará lá de Portugal, o Ganso, para o título desse post: "Divaganso", segundo a definição desse nobre exemplar da minha espécie: "A arte de divagar de um ganso."

Pois então; o que quero agora é divagar, junto a vocês, meus amigos e fiéis leitores, sobre a função desse blog em minha vida.

Escrever, para mim, sempre foi um grande prazer. Uma coisa que, desde criança, me deixa feliz é poder mostrar aos outros as coisas que escrevo. Desde as redações no colégio até as crônicas que eu mandava para jornais, sempre gostei de expor o que penso escrevendo. Aliás, me expresso muito melhor dessa forma do que com a fala. Se considerar qualquer forma de expressão corporal, então, como dança, etc. (isso mesmo tendo participado de diversos grupos de teatro), aí sim sou um verdadeiro desastre. Então me resta a escrita e em bem menor proporção, a música, para me comunicar com o mundo. O blog surgiu justamente com esse propósito: como um canal de comunicação onde eu poderia publicar minhas opiniões sobre os mais variados assuntos e receber de vocês o feed back dessas opiniões e quem sabe iniciar alguns debates.

Nunca pensei em usar o blog como algumas pessoas por aí, para auto-promoção ou até mesmo para propaganda enganosa. Não quero parecer melhor do que sou e nem acho que minhas opiniões sejam as mais acertadas sobre todos os assuntos que discuto. É por isso que o espaço de comentários está constantemente aberto, sem moderação inclusive (só não chinguem minha mãe, porque ela não tem nada a ver com isso).

Portanto, acho que chegou a hora de fazer um balanço. Em setembro próximo o blog completa três anos de estrada. Publiquei 88 posts e consegui arregimentar 36 seguidores no Google Friend Connect, fora os que visitam o blog esporadicamente. Parece pouco se compararmos com outros, mas para mim é muito. Ainda mais se eu considerar não a quantidade, mas a qualidade das pessoas que não se importam em aparecer alí a direita como meus seguidores.

Falei de tudo um pouco aqui no Boteco. Divulguei trabalhos que acho importantes e atualizo todos os dias o blogroll ali da seção "O Boteco Recomenda". Me gusta. Me dá prazer imaginar que posso estar levando para alguém uma informação que aquela pessoa talvez não teria acesso. Gostaria, inclusive, que os leitores participassem mais... Há algum tempo, botei ali em baixo um contador de visitas. Mas quase nem fico acompanhando. Uma pessoa leu? Então já é lucro. Uma pessoa comentou? Lucro dobrado. Sempre respondo aos comentários, seja para debater ou simplesmente agradecer a visita.

Mas agora, vamos ao ponto. Vocês devem ter notado que os posts estão cada vez mais raros por aqui. O Boteco passa por uma crise existencial. Assumi inúmeros compromissos comigo mesmo e com outras pessoas, o que me forçou a deixar o blog um pouco de lado. Mas acho que vocês não merecem. A nova resolução tomada por aqui foi transformar o blog em espaço de debate para os temas que venho estudando na faculdade de História. Assim, estaria unindo o útil ao agradável. Mas antes de impor essa mudança, gostaria de saber de vocês o que acham. Posso aguardar um feed back? Se ninguém disser nada é porque concordam... Depois não digam que eu não avisei. Dou-lhe uma, dou-lhe duas...

Abraço a todos.

MEDO


Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da
El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar
Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor
El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá.

A TELEVISÃO



O homem da rua
Fica só por teimosia
Não encontra companhia
Mas prá casa não vai não
Em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão...
No céu a lua
Surge grande e muito prosa
Dá uma volta graciosa
Pra chamar as atenções
O homem da rua
Que da lua está distante
Por ser nego bem falante
Fala só com seus botões...
O homem da rua
Com seu tamborim calado
Já pode esperar sentado
Sua escola não vem não
A sua gente
Está aprendendo humildemente
Um batuque diferente
Que vem lá da televisão...
No céu a lua
Que não estava no programa
Cheia e nua, chega e chama
Prá mostrar evoluções
O homem da rua
Não percebe o seu chamego
E por falta doutro nego
Samba só com seus botões...
Os namorados
Já dispensam seu namoro
Quem quer riso
Quem quer choro
Não faz mais esforço não
E a própria vida
Ainda vai sentar sentida
Vendo a vida mais vivida
Que vem lá da televisão...
O homem da rua
Por ser nego conformado
Deixa a lua ali de lado
E vai ligar os seus botões
No céu a lua
Encabulada e já minguando
Numa nuvem se ocultando
Vai de volta pros sertões...
Chico Buarque de Hollanda

WHERE THE CHILDREN SLEEP


“Where the children sleep” é um projeto do fotógrafo nascido no Quênia, James Mollison compilado em um livro homônimo. Ele fotografou crianças de várias partes do mundo e o lugar onde adormecem. Cada par de fotografias são acompanhadas por um texto que contextualiza a vida de cada uma dessas crianças. O projeto discute várias questões sociais mesmo sem um olhar inquisidor sobre a história de cada um.

Vale navegar pelo site do fotógrafo que tem várias ideias e projetos interessantes.






































Me emocionou! Roubei lá no http://www.ideafixa.com, da Janara.

AO JAPÃO

Macanudo, do argentino Liniers.

VIAGEM COM EDU LOBO


Edu Lobo! Que orgulho saber que um cara como ele é brasileiro como eu. Que orgulho poder, daqui há alguns anos, apresentar esse ícone da Música Brasileira ao meu filho e explicar para ele que eu conheci Edu através do meu pai. E que herança maravilhosa!

Edu Lobo, para mim, está no rol dos grandes artistas brasileiros, ao lado de Pixinguinha, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Tom Jobim e tantos outros.

Ontem tive um desses momentos mágicos que transportam você para outros tempos, mais especificamente à minha infância que, graças ao meu pai e a minha mãe, foi recheada de música da melhor qualidade. Estava ouvindo "Cantiga de Longe", obra magistral desse artista, gravado em 1970. Composições de uma singeleza tocante e de um sentimento profundo. Arranjos precisos e genialmente elaborados pela mente de ninguém mais, ninguém menos que Hermeto Pascoal. Aliás, quando conheci pessoalmente Hermeto Pascoal, já conhecia esse disco mas não sabia que os arranjos eram dele. Imagina se soubesse... Já naquela época, conhecendo apenas a obra do próprio Hermeto e um disco dele com a Elis Regina, já me senti como se estivesse apertando a mão, sei lá, do Mestre Yoda...
Mas voltando ao Edu e voltando à minha infância, quando tive sensibilidade bastante para prestar atenção às coisas que meu pai ouvia, foi o Edu Lobo que me despertou logo interesse, pela qualidade e pela brasilidade das composições, que hora eram marchinhas, hora eram frevos, sambas, bossa nova com arranjos jazísticos e muita música de viola, da raiz. Edu é um artista completo e depois de todos esses anos, ainda veio me emocionar mais uma vez.
Quem quiser maiores detalhes sobre o álbum, é só ir no Sacudinbemblog, do grande Marcel Cruz, que lá tem tudo, inclusive links para download do álbum.
Obrigado Edu, obrigado Hermeto, obrigado Pai e obrigado Marcel.

Abraços.

PALAVRAS ESTAPAFÚRDIAS


Genial!!! Kibei lá do Mentirinhas, do grande Fábio Coala. Visitem, conheçam e sigam!


Abraços.

AS MENINAS QUE VENDEM CHOCOLATE NA RUA



Centro urbano tem dessas coisas... as pessoas aprendem a usar artimanhas para tentar sobreviver. Um caso comum para ilustrar essa verdade do ecossistema da cidade é o da menina-inocente-que-vende-bombom-para-ajudar-a-família.
A menina do chocolate já é uma figura facilmente encontrada nas áreas centrais das principais cidades. Elas chegam de mansinho, com um sorriso simpático e pedem, quase em uma súplica: "Moço! Compra um bombom? É pra ajudar lá em casa..." O olhar meigo e levemente marejado, a voz suave e em tom infantil. São geralmente bonitas e vestidas de forma simples, mas com todo charme de menina-moça.
Desde a primeira vez em que fui abordado por uma delas, senti um clima de leve sedução em seu modo de falar e se portar, uma tática louvável para alguém que quer e precisa vender o seu produto. Mas depois de umas duas ou três abordagens, comecei a achar a coisa forçada. Como se elas deixassem a entender que, comprando o bombom se pode ganhar alguma coisa a mais.
Por favor, amigos de boteco, me entendam: não é preconceito, só estou registrando as minhas impressões acerca desse comércio para lá de informal.
Pois então, seguindo o raciocinio, a forma de se aproximar e falar com o possível freguês em tom de quase intimidade já me deixava desconcertado. Hoje presenciei um fato que me deu a certeza de que há algo mais  nessa história: Vi uma dessa meninas na calçada e já me preparei para desviar da mesma, para evitar ter que dar as desculpas que já são mais que batidas como "Não, obrigado. Sou diabético...", quando percebi que ela mirava outro alvo: um senhor, já com seus cinquenta anos. Mas o olhar que a moça, muito bonita por sinal, lançava ao homem, tinha o triplo do grau de sedução dos que comumente eram lançados a mim. E para minha surpresa, o olhar foi seguido de uma piscada de olho e um beijinho jogado ao ar. Os olhos do senhor brilharam e a menina falou: -Moço! (para elas todo mundo é "moço") Posso falar com o senhor? O homem, mais que depressa, deteve sua caminhada e se aproximou da guria para ouvir: "compra um bombom?"
Pensei comigo: "Não é possível. O cara deve ser conhecido dela para receber tamanho grau de intimidade". E fiquei por ali, disfarçando como quem olha a vitrine de uma loja, para ver se aquilo tudo era "técnica". E não é que aconteceu exatamente com mais três cavalheiros que passaram pela calçada. Pensei comigo, de novo: "Sábio quem disse que a prostituição é a mais antiga das profissões. Tão antiga que agora até faz escola, influenciando outras áreas do comércio..."
Aguardo a opinião dos amigos acerca do assunto.

Abraço a todos. 

2011 - FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBUA!!!


 Já começo pedindo desculpas aos meus fiéis seguidores pois o blog ficou meio abandonado nesse inicio de ano. Mas asseguro: o Boteco segue firme e forte e continua como uma das coisas que me dão mais prazer em fazer.

E por falar em coisas que dão prazer, começo um projeto que vem sendo adiado há muito tempo: iniciei meu curso de graduação em História. Esse foi, na verdade, o meu desejo desde que fazia o segundo grau. Então quando abandonei o curso de Biologia comecei a pensar seriamente em encarar essa empreitada, algo que por circustâncias da vida só veio a se concretizar agora. Vocês vão ler bastante a respeito aqui em breve.

Continuando a falar sobre as coisas legais desse início de ano, o ECFA lançou um encarte em homenagem ao Chico Science, com informações fundamentais sobre o Movimento Mangue Bit. O material foi produzido pela minha amiga e talentosa designer Ana Paula Janis e contou com a humilde participação deste blogueiro. Para baixar o encarte é só clicar aqui. E hoje vai rolar às 22 horas um evento, no Hotel Embaixador, organizado pela galera do ECFA que também é um tributo ao eterno Mangue Boy. Para maiores informações sobre o evento é só ir até www.ecfa.com.br.

Pois então, é isso. Desejo que 2011 seja um ano muito produtivo para todos que me acompanham aqui.

Inté, compadres!

VAMOS AJUDAR

AULA PRÁTICA DE GOOGLE

Aula prática para os chatos que vivem me perguntando coisas que eles mesmos poderiam pesquisar no "Pai-dos-Burros" do Século XXI, o Google.

Basta clicar no link abaixo:


Passar bem.

(Dica do www.ovelho.com)

SEMPRE COMIGO - PARA PAULINHA


"Sempre comigo em meu coração eternamente tu viverás
Mesmo distante sempre comigo tu estarás
Mesmo que a vida de mim te separe meu coração contigo há de ir
E eternamente tu viverás sempre comigo
Comigo porque só a ti eu vejo em meu pensamento
Comigo porque só de ti me lembro a todo momento
Comigo porque a distancia jamais há de nos separar
Comigo porque para sempre em meu coração tu viverás."
Anísio Silva/Willian Duba
Ana Paula,
Para você a declaração de amor mais singela e profunda que eu conheço, mas de grande significado, pois quando criança era o que eu ouvia meus pais cantarem um para o outro.
Te amo.
Feliz Aniversário!

Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden