CERTAS CANÇÕES


Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece:
"Como não fui eu que fiz?!"


Certa emoção me alcança
Corta-me a alma sem dor
Certas canções me chegam
Como se fosse o amor.


Contos da água e do fogo
Cacos de vida no chão
Cartas do sonho do povo
E o coração do cantor
Vida e mais vida ou ferida,
Chuva, outono ou mar,
Carvão e giz, abrigo,
Gesto molhado no olhar...


Calor, que invade, arde, queima
Encoraja, amor
Que invade, arde, carece de cantar.




Milton Nascimento

RELIGIÃO E POLÍTICA


Hoje, ao voltar do trabalho, tive o desgosto de me deparar com uma placa na rua onde apareciam, lado a lado, um dos candidatos a prefeito aqui da minha cidade, o Zoinho, e o famoso líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago.


Pensei: Eis aí duas grandes invenções da humanidade que foram desvirtuadas, a política e a religião. As duas foram, e ainda são, usadas para manipular e ludibriar o povo. Elas existem desde que os primeiros Homo Sapiens começaram a formar comunidades. E desde àquela época são usadas para fins espúrios.

Muito se fala que não se discute política e religião. Digo mais, acho que elas deviam mesmo é ficar separadas. Os políticos em seus gabinetes, os religiosos em seus templos e ponto final. Nessa eleição algumas igrejas viraram verdadeiros currais eleitorais, com sacerdotes bradando aos quatro ventos que fulano-de-tal era o candidato "ungido" pelo espírito santo. Haja paciência.

Por falar em sacerdote, descobri que o nosso nobre Valdemiro, que eu pensava ser um pastor, não é nem bispo. Ele é apóstolo logo de uma vez. Está no segundo escalão da chefia celeste. Caraca! Esse cara não dá mole!

Só vejo um problema aí: nosso amigo acaba de tornar out of date a grande obra do mestre renascentista Leonardo da Vinci. A Santa Ceia agora está errada. Está faltando o Valdemiro lá, pô!

Poxa, Valdemiro! Se aliar a políticos a gente até aceita, mas mexer com o grande Da Vinci é muita treta. Agora vamos ter que arrumar um cara bom de photoshop para consertar o quadro. Eu, que nem sou fera no babado, deixo aí em cima a minha humilde tentativa.

Inté, caboclada!

PRIORIDADES



Paz não se pede, paz se conquista 
E não será com guerra pois guerra-santa não existe, não insista 
Guerra-santa, paz satânica? Acho que não 
Permita-me lembrar o que disse o avatar mais notado da história da nossa esfera: "não sobrará pedra sobre pedra" 
Pois se querem mesmo a paz, porque as armas continuam a ser fabricadas em massa em nossa era? 

Tudo nesse mundo é emprestado, não faz sentido algum então ficar apegado, agregado ao que não te leva mais além, não te deixa sossegado 
Pois se a liberdade hoje se parece com um cigarro ou com o carro mais potente do mercado 
Me desculpe, mas as bolas foram trocadas bem na sua frente 
E você nem se tocou: pagou, comprou, levou assim mesmo o seu atual presente: felicidade completa como uma boca sem dente, tão libertária quanto uma bola de ferro com corrente algemada aos seus pés. 
Eu digo: crescimento econômico não gerará paz na terra, já que a estatística do lucro não leva em conta a miséria. Também pudera: Miséria de alma gera miséria humana, nada mais, nada menos que o reflexo da nossa atmosfera interna. 
Supunhetemos, hipoteticamente, então, distribuição ecumênica de renda e informação, os primeiros passos de evolução nesse plano, além de iluminar com sapiência divina o parco conhecimento humano 
Pois nessa época de carro na frente dos bois; supérfluo na frente, necessidade depois
Nossa capacidade de enxergar a realidade vale mais do que a riqueza de mil cidades

Priorize as prioridades, amizade,
priorize as prioridades, cumpadi,
priorize as prioridades, camaradagem,
priorize o que fará diferença na sua passagem.

Somos atores que vestiram a carapuça e se confudiram com seus personagens; auto-sabotagem 
Esmagamos a nós mesmos com nossa auto-imagem 
A tal da ego-esclerose como diria o professor Hermógenes 
Mas veja bem, não tô aqui numa de inquisidor pois como se diz: "Hoje pavão, amanhã espanador" 
Nos encontramos no mesmo titanic 
Até o último minuto, você me pede que fique, eu digo que fico, 
Porém me confudir com um fanático religioso é o mesmo que confudir remédio pra micose com pó-de-mico 
Osmose é como classifico quase que de vez em sempre o comportamento humano: o que quase todos fazem é o certo, o resto é pura viagem. Ledo engano. 
Então é isso: "living la vida tosca"! No acordo, o chifrudo entra com a pemba, o mundo inteiro entra com a rosca
Pede a Deus que te livre das moscas, mas não pensa em nenhum momento em limpar realmente a sua casa;
Para esse tipo de atitude eu faço como Tim Maia, o mestre, fazia quando queria passar o lima nos seus shows na gringa: "Send the lima!" 

Pois nessa época de carro na frente dos bois, o que é necessário não pode ser deixado pra depois 
Nossa capacidade de enxergar a realidade será nosso passaporte de liberdade (off tha babylon)

Nosso maior inimigo somos nós mesmos.
Reféns de nossa própria ignorância (ignorância da própria). 
Orgulho, às vezes o que o espelho mostra é duro de ver
Admitir que o que tu critica é bem parecido com você.
Realidade que choca, mudança de comportamento tão lenta quanto uma tartaruga judoca 
Corpo sem alma é como um vinil que não toca.
Na real, a gente é como o sol, não nasce nem morre, só sai do campo de visão normal 
E como ele, energia eterna, irmão.
Transição de milênio, reta final 100%
Os dias passam na velocidade de um pavio de bomba aceso…

BNegão.

CASA PRÉ-FABRICADA


Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais.

Para Paulinha. Haja o que houver, te amo sempre.

AGOSTO ECFA!



http://ecfa.com.br/?p=3034#comment-770

A ÁGORA CARIOCA


(Publicado originalmente no jornal O Globo, edição de 4/6/2012)

Vivemos tempos de uniformização dos costumes, fruto do tal de mundo globalizado. Em cada canto desse mundaréu, ligado por redes transnacionais de telecomunicações, as pessoas assistem aos mesmos filmes, vestem as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas, falam o mesmo idioma, cultuam os mesmos ídolos e se comunicam em, no máximo, cento e quarenta toques virtuais. Nessa espécie de culto profano, em que a vida cotidiana é regida pelos rituais em louvor ao mercado que não é o de Madureira, o bicho pega e as ideias morrem, como outro dia morreu de morte matada o acento em ideia, sem choro nem vela e sem a dignidade de um samba do Noel.

Eu, que trabalho com adolescentes e adultos jovens, percebo que as crenças e projeções de futuro da rapaziada foram substituídas pelo pânico cotidiano - do assalto e das doenças, no âmbito pessoal, às catástrofes ambientais, na esfera coletiva. Cria-se uma lógica perversa: Como posso morrer de bala perdida, pegar gripe suína ou sucumbir ao aquecimento global, preciso viver intensamente o dia de hoje.

Ocorre que essa valorização extremada do tempo presente é acompanhada pela morte das utopias coletivas de projeção do futuro. Não há mais futuro a ser planejado. Somos guiados pelos ritos do mercado e abandonamos o mundo do pensamento, onde se projetam perspectivas e são moldadas as diferenças. Restam hoje, nesse desalento, duas tristes utopias individuais, em meio ao fracasso dos sonhos coletivos - a de que seremos capazes de consumir o produto tal, cheio de salamaleques, e a de que poderemos ter o corpo perfeito.

Transformam-se, nesse tempos depressivos, os shoppings e as academias de ginástica nos espaços de exercício dessas utopias tortas, onde podemos comprar produtos e moldar o corpo aos padrões da cultura contemporânea - o corpo-máquina dos atletas ou o corpo esquálido das modelos. É a procura da felicidade que não tem, como na esquecida e sábia canção natalina. E tome de caixinhas de Prozac no sapatinho na janela.

É aí que localizo, na minha cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, o espaço de resistência a esses padrões uniformes do mundo global: O botequim. Ele, o velho boteco, o pé-sujo, é a ágora carioca. O botequim é o país onde não há grifes, não há o corpo-máquina, o corpo em si mesmo, a vitrine, o mercado pairando como um deus a exigir que se cumpram seus rituais.

O boteco é a casa do mau gosto, do disforme, do arroto, da barriga indecente, da grosseria, do afeto, da gentileza, da proximidade, do debate, da exposição das fraquezas, da dor de corno, da festa do novo amor, da comemoração do gol, do exercício, enfim, de uma forma de cidadania muito peculiar. É a República de fato dos homens comuns.

É nessa perspectiva que vejo a luta pela preservação da cultura do boteco como algo com uma dimensão muito mais ampla do que o simples exercício de combate aos bares de grife que, como praga, pululam pela cidade e se espalham como metástase urbana.

A luta pelo boteco é a possibilidade de manter viva a crença na praça popular, espaço de geração de ideias e utopias - fundadas na sabedoria dos que têm pouco e precisam inventar a vida - que possam nos regenerar da falência de uma (des) humanidade que se limita a sonhar com o tênis novo e o corpo moldado, não como conquista da saúde, mas como simples egolatria incrementada com bombas e anabolizantes cavalares. O botequim é, portanto, o antishopping center, a recusa mais veemente ao corpo irreal dos atletas olímpicos ou ao corpo pau-de-virar tripa das anoréxicas, sintomas da doença comum desse mundo desencantado: metáforas da morte.

Ali, no velho boteco, entre garrafas vazias, chinelos de dedo, copos americanos, pratos feitos e petiscos gordurosos, no mar de barrigas indecentes, onde São Jorge é o protetor e mercado é só a feira da esquina, a vida resiste aos desmandos da uniformização e o Homem é restituído ao que há de mais valente e humano na sua trajetória - a capacidade de sonhar seus delírios, festejar e afogar suas dores nas ampolas geladas feito cu de foca. É onde a alma da cidade grita a resistência.

Esse combate, amigos, é muito mais significativo do que imaginam os arautos modernosos e seus programadores visuais. Botequim, afinal de contas, tem alma, é entidade, terreiro carioca, feito os trapiches e sobrados do cais do porto em noite de lua cheia.

Luiz Antonio Simas do Histórias Brasilieras

SOLDADO SEM BANDEIRA


Minha tropa vem do esgoto igual Morlock roto esfarrapado 
Os lock escroto em choque eu percebo os outros indo pro lado 
Se nós chega, sem glock, 9 nem precisa é só no psico 
a frieza do nosso olhar já planta medo nos bico 
Os vidro sobe, quem deve se apavora 
pensando: "E se eles quisessem se vingar da escravidão agora?" 
To pra morrer igual os 300 de Esparta 
vocês duvidaram até chegar o teco de orelha nas carta 
E agora é sério, nóiz num ta de brincadeira não 
você ainda acha que a guerra memo é no Afeganistão? 
Seus rato se camufla com a roupa da cor da babilônia 
E as quadrada cromada brilhando mais do que Antônia 
Nego fujão de alma vazia com banzo tudo confuso 
De capuz cabisbaixo no ultimo banco do buzo 
Reprimindo ódio, procurando razão pra viver 
Problema pra nós não é morrer, foda é num ter um porquê 
Distancia faz desconhecer, desconhecer trás o medo 
Medo faz agir, você sabe como termina o enredo.. 
Quantos se foram? Quantos ainda vão? 
Será que eles que se foram mais cedo, foram em vão? 
Isso é nação e cê na ação é encenação hienas são alienação me vê em ação 
sobrevivendo tipo estrategista 
Vendo o caixão de vários jão descendo em vão e assim se vão, descanse então 
Se esse é o prêmio da guerra racista 
Classista, que fragmenta, divide e enfraquece 
Dinheiro pros sem caráter, dor pra quem não merece 
Resta aparando as aresta, contá ca sorte 
Sabendo que: uma bala, sempre gera bem mais que uma morte 
E cada bala que alcança as mansão e os honda fit 
Ondo eu moro já varo mais de vinte madeirite 
Nóis ta no front e eu to na linha de fogo 
Fazer o que? num fiz as regra não tio eu só jogo o jogo


Ser favelado é ser soldado de bandeira nenhuma 
Desconfiar dos dois lados sem temer coisa alguma 
Nasceu no meio da guerra então se acostuma 
Vou até o fim, tiu, eu sou assim, tiu 
Ser favelado é ser soldado de bandeira nenhuma 
Desconfiar dos dois lados sem temer coisa alguma 
Nasceu no meio da guerra então se acostuma 
Vou até o fim, tiu, eu sou assim, tiu


Entre as pressão e as repressão 
alguns acata outros ataca (né) mas todos tão aí sem direção 
Ninguém mais é semelhante, todo mundo é concorrente 
Pra ta no topo pisa no crânio do próprio irmão 
Uma legião bebe da depressão que eu carrego 
Vejo vários Sun Tzu de chinelo com prego 
marcha pro precipício filho da cultura Frankenstein 
E marcha, igual os heróis dos filmes dos eisestein 
Quantos Einstein vão pra vala por causa de um par de Nike 
Por causa de vadia, e aqui os Kamikaze busca de bike 
Junta cinco, dez, quinze, vinte, vai 
e é pouca idéia.. qui qui qui qui qui qui o carai 
Se calar consentiu, se gaguejar se entregou 
Se cê falar cê mentiu, se num mentiu tentou 
A certeza de quem não viu foi o que te dilatou 
culpado inocente tiu, vai reclamar com o Senhor 
Pouco importa agora o que cê sinta 
Nós até faz bastante plano pra quem raramente chega aos trinta 
Os preto é os únicos que morre sem causa irmão 
raramente é por etnia ou por religião 
As treta territorial se restringe as biqueira 
Mas eu te pergunto: quem que tornou as ruas trincheira? 
nem pisa nela te alistou e pôs na guerra dos outros 
te fez jurar sem crer, acreditar sem ter 
A TV deixou os muleque burro igual a Magda 
Rebelde memo mata americano em Bagdá 
ta aí na rua, sem enxergar a saída 
Leva as parada que é sua, se cê parar nos farol da Avenida 
Fazendo de tanque os passat filmado 
Que planta o medo quando passa com 3 dedo de vidro abaixado 
Organização faz o tubarão temer as tilápia 
e foda-se o que o mapa diz, meu bairro é minha pátria.


EMICIDA

REDE BOBO


TUA MÃE GOSTA...

OORRA... - EMICIDA


Direto vejo pai brincando com filho no parque
Sinto inveja fico me perguntando tio, o que que a vida fez comigo?
Sorrio pelos pivetes, acho da hora
Olho pra baixo, tenho "mó" vontade de chorar, mas não consigo
Em segundos me vem vinte e poucos dia dos pais
Guarda o presente "fi", ele já não volta mais
Arrasta a cartolina com papel crepom amassa
Joga no lixo "porra, pior que esse aqui tava bom"


Hoje fico olhando na espreita
Vendo os moleques aí com pai mãe do lado e nem respeita
Deviam ser por um dia o que eu sou a vinte anos
Pra ver se vocês iam tá na de trocar os coroa pelos mano


Não sei se dá tristeza ou ódio
Não conseguir lembrar de você sóbrio
Não vi as vadia nem seus aliado
Com o doutor no corredor implorando pelo o que há de mais sagrado.


Eu já passei fome, já apanhei calado
Já me senti sozinho, já perdi uns aliado
Eu já dormi na rua, fui desacreditado
Já vi a morte perto, um cano engatilhado
Eu já corri dos homem, bati nos arrombado
Quase morri de frio, eu já roubei mercado
Já invejei quem tem pai, já perdi um bocado
Eu sofri por amor, eu já vi quase tudo, chegado!


E mesmo assim, tive que penar pra aprender
Que minha mãe não ia poder tá lá pra me ver crescer
Tinha que trabalhar pra ter o que comer .
Não ver seu filho aprender a falar, essa porra deve doer
Aguentar madame mandar e ter que acatar,
Ainda ouvindo o bairro sussurar, (vc sabe mãe solteira é o que?)


Ver seu tempo acabar, sua chance morrer
E no fim do mês ganhar, o que não dá nem pra sobreviver
Me ensinou a não desistir rapaz,
Miséria é foda, só que eu ainda sou bem mais
Maderite furado, cigarro, cheiro de pinga
Olha onde eu cresci, onde nem erva-daninha vinga
Como vc vai sonhar com pódio?
Se amor é luxo e com a grana que nois tem só dá pra ter ódio
Coisas da vida, historia repetida, algo assim
Com quatro anos eu ja via o mundo inteiro contra mim


Eu já passei fome, já apanhei calado
Já me senti sozinho, já perdi uns aliado
Eu já dormi na rua, fui desacreditado
Já vi a morte perto, um cano engatilhado
Eu já corri dos homem, bati nos arrombado
Quase morri de frio, eu já roubei mercado
Já invejei quem tem pai, já perdi um bocado
Eu sofri por amor, eu já vi quase tudo, chegado!


E o que eu sempre tive foi minha rima
O resto se foi tipo trampo, amigo, mina
Eu nunca quis viver disso, nunca sonhei com isso
Eu tava acostumado a rimar por hobby e trampar por uns trocado
E eu ia pro crime, irmão...
Se não fosse a confiança, do Pedro e do Felipão


Sem dinheiro, já dava pra ver o fim...
Mas, um me levou pra liga e o outro fez as bases pra mim
Na fé, me pôs no lugar onde vários quer nome
Foda-se todos, eu não quero mais é passar fome


Amo isso, você é contribuinte
Assim óh, escrever... como quem vai morrer no dia seguinte
Vagabunda, pirou nos flow... a cada ideia ouvia how
Quando vi, o radinho tocou... gente querendo show
E agora, eu vou fazer virar com os meus...
É real, o menino do morro virou deus


Eu quase me perdi nas ilusão
Fui salvo, por ter sabedoria e pé no chão
Chamei uns de irmão, quando nós era sócio
Pensei ter feito amigos, e tava fazendo negócios
Odeio vender algo que é tão meu
Mas se alguém vai ganhar grana com essa porra, então que seja eu


E os que não quer dinheiro, mano.. é porque nunca viu
A barriga roncar mais alto do que eu te amo
Eu vi minha mãe, me jogar dentro do guarda-roupa trancado
Era o lugar mais seguro, quando a chuva levou os telhado
E dizia, não se preocupa.. chuva é normal
Já vi o pior disso aqui, ver o bom hoje é natural


E o justo, então antes de criticar quem cê vê trampar
Cala boca e pensa, quantas história cê tem pra contar
Falar que ao dizer  ''a rua é nóis'' pago de dono da rua
Desculpa, eu vivo isso e a incerteza é sua
Se você não se sente dono dela, xiu não fode!
E antes de escrever um rap, me liga e pergunta se pode.

INTRO (É NECESSÁRIO VOLTAR AO COMEÇO) - EMICIDA

É dificil plantar ambição, sem ver a ganancia nascer
No coração de um ser, que nunca viu nada acontecer
Pra si, sabe? Nem ao redor
Vai fuder quem tá do lado, se isso te trazer o melhor
E te fazer melhor, e o que é melhor aqui parceiro?
Cê vai viver de amor do lado de quem mata por dinheiro?


Ruas vazias, aqui ou em Gaza
Hoje as pessoas boas, se escondem atrás da grade das casas
Frio é habitual, saudade? Mais que normal
Solidão virou segurança, medo virou natural
Internet, rádio, MP3,4,5,6
Talvez tenha poder, mas não aproximou vocês


Ao entender, sem sentir, cês vão ver no fundo
Cada janela que se abre, é uma porta a menos pro mundo
E vê-lo por um olho mágico, rouba a magia
Que dava sentido ao dia, ao esbarrar com quem não conhecia


Era bom, ficou pra trás
Tenho vários manos que não morreu, só que também não vive mais
Não existe meio certo, nem meia verdade
Nem mais ou menos, nem meia liberdade
Quando o tema é vida, meio termo não existe
Ou se é feliz, ou se é 100% triste


Os MC nem sabe mais, se pede um drink ou pede paz
Se aqui é Disney ou Alcatraz, se nós é Rouge ou Racionais
Se as mina é puta, ou algo mais
Se a cota é luta, ou tanto faz
Se essa porra de 'nóiz' existe mesmo, ou é outra idéia que ficou pra trás


Enfim, não responde a questão
Por que a policia para pra mim, e os taxistas não?
Por que eu tenho que provar, que os meus bagulhos é meu?
Se eu não comprei, quem me deu? E se eu gaguejo, fudeu!
Artistas mudando o nariz, de cabelo alisado
Reforça essa merda de que ter cabelo crespo é pecado


Século XXI, progresso, olha de novo irmão
Cê vai ver que os preto ainda tão, na rua, no gueto e na prisão
Sem saber se são regras, ou excessão
Todo mundo é igual, e ainda assim, nós tá fora do padrão


Hoje compro em disco, o que já ganhei no mês
Minha missão aqui, é provar que é possível pro cês
Mas o trampo exige foco, tem que viver a parada
Isso é fácil como tirar doce da boca de outra quebrada
Natural, igual Pentágono, ainda hoje, igual Guantánamo


Meu olhar de quadrilátero, diz que bom ainda não tá mano
To caminhando, plantando o que precisa
O mar é imenso, e vários tão emocionados só com a brisa
A vida acontece, não avisa
Atrasa a caminhada de quem para nas balisa


Uns veio comer várias minas, outro assina vários cheques
Uns pra ter várias tretas, tio, eu vim pra fazer RAP!
Entregar meu tempo a causa, sem pensar duas vez
Crendo que a maior riqueza tá na paz do rei dos reis
A encontro em sessões junto a DJ's


Reforçando idéias, como as de que creio em justiça, não em leis
E a cultura de favela, canto enquanto penso nela
Vendo vários ganhando a vida, e vários perdendo ela
Pensando em fama, status, damas, contratos
Sonhos pequenos demais pra mim, vamos voltar aos fatos


É estranho 2009, o inverno é quente, no verão chove
A fumaça engole a luz do sol, enquanto a terra se move
LCD, Kalishnikov, iPod, coquetel molotov
Mulher Melancia, Barishnikov, milhões de sabores...Prove!


Informações demais, pra uma vida tão curta
Carros andam centímentros, aí vagabundo surta
Seguimos nos tempos difíceis, que Edi Rock cantou
Mostrei o refrão pros irmão, logo geral concordou
Que é necessário voltar ao começo
Quando os caminhos se confundem, é necessário voltar ao começo
Não sabe pra onde ir? Tem que voltar pro começo
Pra não perder o rumo, não pode esquecer do começo


Cê entende, que assim é verdadeiro?
Que cada dia que se vive, é o último e o primeiro
Sei bem qual é a real, entre todos maloqueiros
E da posição que ocupo, por isso eu to ligeiro
Jesus perdoou demais, morreu
Lampião confiou demais, morreu
Sou tipo um general que lidera uma tropa vinda do breu
E eu não confio, nem perdoo, por isso mandaram eu!



Site do cara aqui.
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Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden