1° DESFILE DO BLOCO LOUCOS PELA ARTE - VILA AMERICANA


Pois é, confrades... Estava devendo isso aqui para vocês. O 1° desfile do bloco de carnaval da Vila Americana, que agora oficialmente se chama Bloco Loucos Pela Arte, numa justa homenagem ao grupo de artistas que agitou o bairro anos atrás (prometo fazer um post só sobre o movimento cultural), aconteceu no último dia 13. Eu estive lá, amarradão, mas apesar disso, só hoje consegui um tempo para postar por aqui as fotos que tirei.

Gostaria, também de pedir mil desculpas aos companheiros do bloco pelas minhas faltas aos ensaios, mas é que ficou meio complicado conciliar diversos compromissos profissionais e o compromisso de dar a devida e justa atenção à família.

Mas mesmo não estando de corpo presente, estamos juntos em pensamento e em vibrações para que tudo dê certo. Afinal (e todos poderão ver pelas fotos) a galera está suando a camisa pra valer e obtendo um resultado prá lá de satisfatório. Meus parabéns a todos os envolvidos.

Meu orgulho eu resumo no verso de um poeta que é de outra vila, mas mostra exatamente o que sinto pela Vila americana:

"Eu sei tudo o que faço, sei por onde passo, paixão não me aniquila.
Mas, tenho que dizer, modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila"
Noel Rosa

Curtam algumas fotos. Para ver todas é só abrir o meu álbum do picasa.

Descolei uma fantasia legal pacas!

Os amigos Pinheiro, Luiz Maluquinho e Lenilson na concentração na casa do Mestre Bonequeiro Gim e da sua esposa Sueli.

Gim prepara com todo cuidado a fantasia da "morte" usada pelo Pinheiro. Atrás do loucos Pela Arte vai até quem já morreu...

Sueli ajuda a organizar as fantasias.
Eis os bonecos, aguardando a chegada do Bloco.

Chega a bateria, segurando o ritmo e arrastando a galera!

Além dos bonecos do Gim, surgiram outras figuras do bairro também fantasiadas, o que encheu as ruas da Vila Americana de cores e alegria!

Pausa para foto ao lado do parceiro de longa data e um dos coordenadores do Bloco, o Xan.

Ao chegar na concentração no Bar do Marcelo, onde ainda aconteceu o ensaio do dia, o pessoal da bateria não demonstrava cansaço. Pausa para uma cerveja gelada e segue a batucada!

A SÍNDROME DE NEUENDORF E A DIREITA RAIVOSA, DO HISTÓRIAS BRASILEIRAS

Definitivamente está na ordem do dia, sobretudo entre certos segmentos da classe média alta e das elites endinheiradas do país, manifestar uma pedante aversão ao povo brasileiro. Chamo isso de "síndrome de Neuendorf". Explico: Kevin Neuendorf foi o chefe da delegação dos Estados Unidos durante os jogos panamericanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro. O Mister Neuendorf chocou muita gente ao aparecer para uma entrevista coletiva com um cartaz onde se lia: "Welcome to Congo". Alguns brasileiros ficaram profundamente ofendidos com o gringo que, cheio de arrogância, nos comparou ao país da África.

Escrevi na ocasião um texto em que, provocativamente, concordei com o mister e afirmei que somos de fato  o Congo. Alguns acontecimentos recentes, muito ligados aos desdobramentos da campanha eleitoral de 2010, escancararam a existência de uma elite preconceituosa, nefasta,  assustadoramente moralista e potencialmente fascista. Retomo portanto, por considerar urgente e atual, alguns argumentos que utilizei à época para afirmar com orgulho que o Congo é aqui. 

Somos o Congo porque vieram de lá, da região do Congo-Angola, só no século XVII, cerca de 700 mil africanos para trabalhar nas lavouras e minas do Brasil Colonial. Nós, os brasileiros, somos, portanto, congos. Somos também jalofos, bamuns, mandingas, bijagós, fantes, achantis, gãs, fons, guns, baribas, gurúnsis, quetos, ondos, ijexás, ijebus, oiós, ibadãs, benins, hauçás, nupês, ibos, ijós, calabaris, teques, iacas, anzicos, andongos, songos, pendes, lenges, ovimbundos, ovambos, macuas, mangajas e cheuas.

Todos estes acima mencionados são grupos de africanos que chegaram nessas praias com seus valores, conjuntos de crenças, costumes e línguas - culturas, enfim - para, ao lado de minhotos, beirões, alentejanos, algarvios, transmontanos, açorianos, madeirenses e milhares de comunidades ameríndias, civilizar o Brasil.

Eis que agora está rolando uma certa moda - que faz a alegria dos descolados iconoclastas e dos apóstolos do liberalismo mais tacanho -  de atribuir aos próprios africanos a responsabilidade sobre a escravidão. Todo mundo palpita sobre a história da África, mete o bedelho sem conhecimento de causa e, nesse rame-rame, tem gente dizendo que nós nunca fomos racistas e que Monteiro Lobato comparava Tia Nastácia a uma macaca beiçuda por uma questão de afeto. Sugiro que esses papudos leiam Silvio Romero e Oliveira Vianna, dois intelectuais respeitados em antanhos.

Silvio Romero, ao refletir sobre o problema brasileiro no início do século passado, sugeriu que a única salvação do país era torcer para que a miscigenação se fosse processando com o aumento contínuo do sangue branco. Chegou a profetizar que (se a miscigenação fosse estimulada) a superioridade do sangue branco prevaleceria e no ano 2000 não haveria mais traços negróides no nosso povo. Clarear o brasileiro, eis a solução do nobre intelectual.

Oliveira Vianna, por sua vez, escreveu um livro outrora muito respeitado, que apaixonou gerações de leitores, chamado Evolução do povo brasileiro. Segundo este autor, a salvação possível do Brasil era a nação embranquecida. Para ele, a imigração européia, a fecundidade dos brancos , maior do que a das raças inferiores (negros e índios ), e a preponderância de cruzamentos felizes, nos quais os filhos de casais mistos herdariam as características superiores do pai ou da mãe branca, garantiam um futuro brilhante e branquelo ao Brasil.

O fato é que em  pleno 2010 a irresponsabilidade de uma direita rancorosa escancara a existência de brasileiros que sentem verdadeiro nojo do nosso povo, execram o Brasil  e guardam no fundo de suas almas o acalentado sonho que Romero e Vianna ousaram expressar. São aqueles que nutrem verdadeiro pânico de lembrar que vivem num país mestiço, em larga medida civilizado pela África e dotado da cultura popular mais rica e múltipla que o mundo conhece.

São brasileiros que marcharam com Deus pela liberdade em 1964, mandam os filhos para  intercâmbios nos EUA, Austrália e Europa em busca de valores supostamente civilizados,  vivem encastelados em condomínios luxuosos, acham que a empregada doméstica deve vestir uniforme branco e subir pelo elevador de serviço, não gostam de pretos, botam fogo em índios, não respeitam as religiosidades afro-ameríndias, dizem que samba é coisa de gentinha, frequentam compulsivamente shoppings centers, gastam num jantar o que pagam em um mês para os empregados, vibram quando a polícia executa moradores de favelas e criam filhos enfurecidos e preconceituosos que saem de noitadas em boates da moda para surrar pobres, gays e garotas de programa nas esquinas das grandes cidades.

Essa gente mesquinha não se conforma com o Brasil que vive, qual o Congo,  nos maracatus, nos moçambiques, na taieira, na folia de são Benedito, no candomblé de angola, nas cavalhadas, no terno-de-congo, no batuque do jongo e na dança do semba.

Somos o Congo porque batemos tambor, batemos cabeça, dançamos e rezamos como lá. Somos o Congo e somos a África porque somos o país de Zumbi, Licutam, Ganga- Zumba, Luiza Mahin, Bamboxe Obitiku , Felisberto Benzinho, Cipriano de Ogum, Leônidas da Silva, João da Baiana, Donga , Pixinguinha, Candeia, Mãe Senhora, Mãe Aninha, Tata Fomutinho, João Candido, Osvaldão, Marighela, Martiniano do Bomfim, Solano Trindade, Silas de Oliveira e de tantos outros heróis civilizadores.

Urge afirmar, contra os preconceitos mais mesquinhos, o Brasil que acalentamos - o  nosso Congo de macaias, aldeias, botequins, sambas, calundus, jongos e portugueses fados. Com a  proteção de Zambiapungo, de todos os inkices de Angola e dos ancestrais do samba.

Via http://hisbrasileiras.blogspot.com/ do meu cumpadi Luiz Antônio Simas

COMPROVADO: RACISMO É BURRICE!



Li ontem no Gizmodo (link) notícia sobre a responsabilização criminal de alguns idiotas que andaram escrevendo babaquices preconceituosas no Twitter. Como sempre dizia o sábio Forrest Gump, "idiota é quem faz idiotice" e a bola da vez e idiota-mor na questão é a estudante de direito (hã?!?!) Mayara Petruso, que teve o azar de ver sua singela mensagem de amor e carinho para os nordestinos (que ela escreve "nordestistos"em mais uma prova de sua sabedoria) nos trending topics.
Conforme escreveu o "Voz do Além" no Nerds Somos Nozes (link), escrever esse tipo de bobagem em uma rede social como o Twitter, que é uma página pública, é crime, conforme a lei 7.716, de 1989:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.

Por isso mesmo a OAB de Pernambuco entrou como uma representação criminal na Justiça de São Paulo contra a burrinha Mayara. E avisou que as ações envolverão também os outros patetas que foram na onda da aprendiz de neo-nazista.
A nossa ex-futura advogada será acusada de racismo e incitação pública de prática de crime - no caso homicídio - e na soma das penas pode pegar até cinco anos e meio de prisão. E, se Deus quiser, o juiz vai determinar que ela cumpra a pena em uma prisão feminina lá na Paraíba.
Mas a possível condenação dessa besta quadrada não é a questão mais relevante. Como eu escrevi neste post, é só o ser humano sentir que tem um pouco de anonimato para mostrar a sua verdadeira face. E o seu nível de inteligência também, porque tudo o que se escreve em uma rede social é público e está lá para quem quiser ver, com seu nome (não importa se é  um nick) e a sua foto (não importa se é aquele avatar do burrinho do Shrek que você costuma usar), como se você estivesse gritando aquilo em praça pública ou publicando em um jornal com a sua assinatura em baixo. Tem que assumir as consequências. Esse povo pensando que internet é brinquedo, agora tem que aguentar o peso de suas ações. Meus parabéns a OAB. É muito importante que esse tipo de crime não fique impune para que a mentalidade retrógrada de alguns nesse país mude, nem que seja na marra.

Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden