UM SUCESSO DE FRACASSO

Vamos falar hoje de um cara que deve ser uma incógnita para muita gente. Ele é bem conhecido no mundo virtual, principalmente pela galera aqui da região, e atende pela alcunha de "O Merda Fracassado". Quem é esse cara afinal? Qual é a dele? O que ele escreve é real? Bem, como diria Jack, The Ripper, vamos por partes:
Conheci essa figura em Barra do Piraí no início dos anos 90. Naquela época ele tocava em uma banda chamada "Engodo We Trust", na qual era baixista e tinha o singelo pseudônimo de "Cheiroso". O "Engodo", integrava o Movimento Mongo Core, assim como a banda que eu tocava, "Los Broñas", cuja história já contei aqui. Naquela época, o nosso bom amigo já era um cara muito ligado em cultura e em literatura e tinha altas referências. De vez em quando íamos, eu e meus amigos aqui de VR, vagabundear por aquelas bandas e rir muito das histórias malucas desse cara e dos seus amigos, Lúcio, Murunga, Rato, Thompson, entre outras peças. Ele também o autor do maior hit dos Broñas: Caguei no Scargot!
Pois bem, deixando o passado de lado, vamos à ficha corrida do "Cheiroso" de hoje em dia. Para quem não sabe, o nome real dele é Alexandre. Olha só o perfil do cara:

Alexandre Coimbra Gomes nasceu em Barra do Piraí, região sul-fluminense do Estado do Rio de Janeiro, numa sexta-feira, 13 de junho de 1975, às treze horas. Mas ainda bem que não é supersticioso. Tem escritos (mas não publicados) os livros de contos Levados, privados e depravados (2004) e Carne-de-vaca (2005) e dois livros de humor: Como ficar rico escrevendo livros que ensinam como ficar rico (2006) e Autobiografia de um merda (2007). Vive como professor de Língua Portuguesa e Literatura. Seu conto "APAE" foi publicado na coletânea Aos pés das letras: uma antologia podólatra da literatura brasileira.

Você, nobre leitor do Boteco deve estar se perguntando porque eu resolvi escrever um post sobre esse cara... a resposta é simples: porque ele é foda!
Alexandre é um escritor de primeira, que segue a tradição da literatura marginal que eu tanto li e admirei ao longo dos anos 80 e 90. Caras como Laert Sarrumor, Furio Lonza, Glauco Mattoso, Lourenço Mutarelli e Marcatti, uma galera que era sempre encontrada nas páginas da revista "Chiclete Com Banana" do Angeli e, pelo menos para mim, eram um link com a contracultura americana de caras como Robert Crumb, Jack Kerouac e Hunter Thompson. Não sou um grande conhecedor de literatura, nem de cinema, nem de música, nem de nada... mas sei muito bem o que me agrada. Essa literatura suja, urbana e subversiva teve uma importância chave na minha formação. Grata foi a surpresa, quando, nesse final de década de cultura enlatada, pensadores de butique e pseudo-felicidade vendida em shopping center, surge o velho amigo Alexandre, das profundas da década de 90, nos lembrando que a vida é uma droga, que o ser humano é podre e que o futuro só pode dar merda.
Esse post é apenas um reconhecimento de que esse cara e seus textos são essenciais hoje em dia. Afinal "O Merda Fracassado" é cada um de nós. Numa sociedade em que o sucesso acima de tudo é pregado como um mantra eterno, um escritor que se reconhece como fracassado lava a nossa alma e nos torna aptos a reconhecermos também nossos pequenos e grandes fracassos diários.
E, conhecendo o cara, acho que é real a possibilidade de tudo o que ele escreve ser realmente verdade. Precisamos de algum editor com visão para publicar urgente seus livros e inaugurar um novo estilo literário: em vez de auto-ajuda a auto-sabotagem. Psicologia reversa... É sucesso garantido. Taí, Alexandre, um post que você nunca poderá publicar em seu blog: "Fracassado fracassado", porque em termos de fracasso, você já é bem sucedido. Sou seu discípulo.

Abraço.

Links para algumas páginas:

4 comentários:

Estranged 5 de fevereiro de 2012 às 03:57  

ESSE CARA É FODA MESMO.

Evandro Avellar 4 de novembro de 2012 às 16:00  

Tenho procurado estes caras tem um tempo, participei dessa história em Barra do Piraí, me lembro bem da música Caguei no Scargot, que ouvi em alguns shows num bar na beira do rio Paraíba em Barra do Piraí. Se tiver notícias do Cheiroso, do Leonardo ou do Rato (Alexandre) favor mandar para meu e-mail evandro.avellar @ gmail.com. Atualmente moro em Brasília.

Underson 5 de novembro de 2012 às 08:26  

Fala Evandro! Será que eu conheci você naquela época doida? Sou péssimo com nomes... Eu era o vocalista do Los Broñas.
Quanto aos contatos, você seguiu os links para o blog do Cheiroso? Lá tem o e-mail dele. E achando ele você acha o resto da galera.
Grande prazer ter seus comentários no Boteco. Até mais.

o dr. A. Noel 8 de novembro de 2012 às 11:43  

Opa!!! Bacana a homenagem, Ganso! Esse filho da puta tem que ser publicado mesmo.
Época do caralho aqueles anos 90. Muita gente criativa com merda na cabeça.
Evandro, libera o apelido aí. Com o nome de Evandro só lembro do Mata-Rato. A não ser que você seja de Valença...
Abrazo!

Postar um comentário

Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden