TEM LUZ NA CAUDA DA FLECHA

É quinta-feira 23 de abril
Axoxó, Ipeté no pé da árvore
O Ofá e o Irukéré se comunicando
Com o Orum e o Aié
Eu sou a flecha de Oxóssi
Que voa e não cai
Dá volta no mundo meu pai
Com seu Arolé, pó vermelho
Pra morte enganar
Oke Aro meu pai Oxóssi
Eu sou sua flecha pronta pra voar
Oxóssi Oke Aro
Voando pro mundo espalhando o amor
Com seu Arolé pó vermelho
Pra morte enganar
Leva a beleza no canto no seu ilá.

1° DESFILE DO BLOCO LOUCOS PELA ARTE - VILA AMERICANA


Pois é, confrades... Estava devendo isso aqui para vocês. O 1° desfile do bloco de carnaval da Vila Americana, que agora oficialmente se chama Bloco Loucos Pela Arte, numa justa homenagem ao grupo de artistas que agitou o bairro anos atrás (prometo fazer um post só sobre o movimento cultural), aconteceu no último dia 13. Eu estive lá, amarradão, mas apesar disso, só hoje consegui um tempo para postar por aqui as fotos que tirei.

Gostaria, também de pedir mil desculpas aos companheiros do bloco pelas minhas faltas aos ensaios, mas é que ficou meio complicado conciliar diversos compromissos profissionais e o compromisso de dar a devida e justa atenção à família.

Mas mesmo não estando de corpo presente, estamos juntos em pensamento e em vibrações para que tudo dê certo. Afinal (e todos poderão ver pelas fotos) a galera está suando a camisa pra valer e obtendo um resultado prá lá de satisfatório. Meus parabéns a todos os envolvidos.

Meu orgulho eu resumo no verso de um poeta que é de outra vila, mas mostra exatamente o que sinto pela Vila americana:

"Eu sei tudo o que faço, sei por onde passo, paixão não me aniquila.
Mas, tenho que dizer, modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila"
Noel Rosa

Curtam algumas fotos. Para ver todas é só abrir o meu álbum do picasa.

Descolei uma fantasia legal pacas!

Os amigos Pinheiro, Luiz Maluquinho e Lenilson na concentração na casa do Mestre Bonequeiro Gim e da sua esposa Sueli.

Gim prepara com todo cuidado a fantasia da "morte" usada pelo Pinheiro. Atrás do loucos Pela Arte vai até quem já morreu...

Sueli ajuda a organizar as fantasias.
Eis os bonecos, aguardando a chegada do Bloco.

Chega a bateria, segurando o ritmo e arrastando a galera!

Além dos bonecos do Gim, surgiram outras figuras do bairro também fantasiadas, o que encheu as ruas da Vila Americana de cores e alegria!

Pausa para foto ao lado do parceiro de longa data e um dos coordenadores do Bloco, o Xan.

Ao chegar na concentração no Bar do Marcelo, onde ainda aconteceu o ensaio do dia, o pessoal da bateria não demonstrava cansaço. Pausa para uma cerveja gelada e segue a batucada!

A SÍNDROME DE NEUENDORF E A DIREITA RAIVOSA, DO HISTÓRIAS BRASILEIRAS

Definitivamente está na ordem do dia, sobretudo entre certos segmentos da classe média alta e das elites endinheiradas do país, manifestar uma pedante aversão ao povo brasileiro. Chamo isso de "síndrome de Neuendorf". Explico: Kevin Neuendorf foi o chefe da delegação dos Estados Unidos durante os jogos panamericanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro. O Mister Neuendorf chocou muita gente ao aparecer para uma entrevista coletiva com um cartaz onde se lia: "Welcome to Congo". Alguns brasileiros ficaram profundamente ofendidos com o gringo que, cheio de arrogância, nos comparou ao país da África.

Escrevi na ocasião um texto em que, provocativamente, concordei com o mister e afirmei que somos de fato  o Congo. Alguns acontecimentos recentes, muito ligados aos desdobramentos da campanha eleitoral de 2010, escancararam a existência de uma elite preconceituosa, nefasta,  assustadoramente moralista e potencialmente fascista. Retomo portanto, por considerar urgente e atual, alguns argumentos que utilizei à época para afirmar com orgulho que o Congo é aqui. 

Somos o Congo porque vieram de lá, da região do Congo-Angola, só no século XVII, cerca de 700 mil africanos para trabalhar nas lavouras e minas do Brasil Colonial. Nós, os brasileiros, somos, portanto, congos. Somos também jalofos, bamuns, mandingas, bijagós, fantes, achantis, gãs, fons, guns, baribas, gurúnsis, quetos, ondos, ijexás, ijebus, oiós, ibadãs, benins, hauçás, nupês, ibos, ijós, calabaris, teques, iacas, anzicos, andongos, songos, pendes, lenges, ovimbundos, ovambos, macuas, mangajas e cheuas.

Todos estes acima mencionados são grupos de africanos que chegaram nessas praias com seus valores, conjuntos de crenças, costumes e línguas - culturas, enfim - para, ao lado de minhotos, beirões, alentejanos, algarvios, transmontanos, açorianos, madeirenses e milhares de comunidades ameríndias, civilizar o Brasil.

Eis que agora está rolando uma certa moda - que faz a alegria dos descolados iconoclastas e dos apóstolos do liberalismo mais tacanho -  de atribuir aos próprios africanos a responsabilidade sobre a escravidão. Todo mundo palpita sobre a história da África, mete o bedelho sem conhecimento de causa e, nesse rame-rame, tem gente dizendo que nós nunca fomos racistas e que Monteiro Lobato comparava Tia Nastácia a uma macaca beiçuda por uma questão de afeto. Sugiro que esses papudos leiam Silvio Romero e Oliveira Vianna, dois intelectuais respeitados em antanhos.

Silvio Romero, ao refletir sobre o problema brasileiro no início do século passado, sugeriu que a única salvação do país era torcer para que a miscigenação se fosse processando com o aumento contínuo do sangue branco. Chegou a profetizar que (se a miscigenação fosse estimulada) a superioridade do sangue branco prevaleceria e no ano 2000 não haveria mais traços negróides no nosso povo. Clarear o brasileiro, eis a solução do nobre intelectual.

Oliveira Vianna, por sua vez, escreveu um livro outrora muito respeitado, que apaixonou gerações de leitores, chamado Evolução do povo brasileiro. Segundo este autor, a salvação possível do Brasil era a nação embranquecida. Para ele, a imigração européia, a fecundidade dos brancos , maior do que a das raças inferiores (negros e índios ), e a preponderância de cruzamentos felizes, nos quais os filhos de casais mistos herdariam as características superiores do pai ou da mãe branca, garantiam um futuro brilhante e branquelo ao Brasil.

O fato é que em  pleno 2010 a irresponsabilidade de uma direita rancorosa escancara a existência de brasileiros que sentem verdadeiro nojo do nosso povo, execram o Brasil  e guardam no fundo de suas almas o acalentado sonho que Romero e Vianna ousaram expressar. São aqueles que nutrem verdadeiro pânico de lembrar que vivem num país mestiço, em larga medida civilizado pela África e dotado da cultura popular mais rica e múltipla que o mundo conhece.

São brasileiros que marcharam com Deus pela liberdade em 1964, mandam os filhos para  intercâmbios nos EUA, Austrália e Europa em busca de valores supostamente civilizados,  vivem encastelados em condomínios luxuosos, acham que a empregada doméstica deve vestir uniforme branco e subir pelo elevador de serviço, não gostam de pretos, botam fogo em índios, não respeitam as religiosidades afro-ameríndias, dizem que samba é coisa de gentinha, frequentam compulsivamente shoppings centers, gastam num jantar o que pagam em um mês para os empregados, vibram quando a polícia executa moradores de favelas e criam filhos enfurecidos e preconceituosos que saem de noitadas em boates da moda para surrar pobres, gays e garotas de programa nas esquinas das grandes cidades.

Essa gente mesquinha não se conforma com o Brasil que vive, qual o Congo,  nos maracatus, nos moçambiques, na taieira, na folia de são Benedito, no candomblé de angola, nas cavalhadas, no terno-de-congo, no batuque do jongo e na dança do semba.

Somos o Congo porque batemos tambor, batemos cabeça, dançamos e rezamos como lá. Somos o Congo e somos a África porque somos o país de Zumbi, Licutam, Ganga- Zumba, Luiza Mahin, Bamboxe Obitiku , Felisberto Benzinho, Cipriano de Ogum, Leônidas da Silva, João da Baiana, Donga , Pixinguinha, Candeia, Mãe Senhora, Mãe Aninha, Tata Fomutinho, João Candido, Osvaldão, Marighela, Martiniano do Bomfim, Solano Trindade, Silas de Oliveira e de tantos outros heróis civilizadores.

Urge afirmar, contra os preconceitos mais mesquinhos, o Brasil que acalentamos - o  nosso Congo de macaias, aldeias, botequins, sambas, calundus, jongos e portugueses fados. Com a  proteção de Zambiapungo, de todos os inkices de Angola e dos ancestrais do samba.

Via http://hisbrasileiras.blogspot.com/ do meu cumpadi Luiz Antônio Simas

COMPROVADO: RACISMO É BURRICE!



Li ontem no Gizmodo (link) notícia sobre a responsabilização criminal de alguns idiotas que andaram escrevendo babaquices preconceituosas no Twitter. Como sempre dizia o sábio Forrest Gump, "idiota é quem faz idiotice" e a bola da vez e idiota-mor na questão é a estudante de direito (hã?!?!) Mayara Petruso, que teve o azar de ver sua singela mensagem de amor e carinho para os nordestinos (que ela escreve "nordestistos"em mais uma prova de sua sabedoria) nos trending topics.
Conforme escreveu o "Voz do Além" no Nerds Somos Nozes (link), escrever esse tipo de bobagem em uma rede social como o Twitter, que é uma página pública, é crime, conforme a lei 7.716, de 1989:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.

Por isso mesmo a OAB de Pernambuco entrou como uma representação criminal na Justiça de São Paulo contra a burrinha Mayara. E avisou que as ações envolverão também os outros patetas que foram na onda da aprendiz de neo-nazista.
A nossa ex-futura advogada será acusada de racismo e incitação pública de prática de crime - no caso homicídio - e na soma das penas pode pegar até cinco anos e meio de prisão. E, se Deus quiser, o juiz vai determinar que ela cumpra a pena em uma prisão feminina lá na Paraíba.
Mas a possível condenação dessa besta quadrada não é a questão mais relevante. Como eu escrevi neste post, é só o ser humano sentir que tem um pouco de anonimato para mostrar a sua verdadeira face. E o seu nível de inteligência também, porque tudo o que se escreve em uma rede social é público e está lá para quem quiser ver, com seu nome (não importa se é  um nick) e a sua foto (não importa se é aquele avatar do burrinho do Shrek que você costuma usar), como se você estivesse gritando aquilo em praça pública ou publicando em um jornal com a sua assinatura em baixo. Tem que assumir as consequências. Esse povo pensando que internet é brinquedo, agora tem que aguentar o peso de suas ações. Meus parabéns a OAB. É muito importante que esse tipo de crime não fique impune para que a mentalidade retrógrada de alguns nesse país mude, nem que seja na marra.

VILA AMERICANA! COMOÇÃO DE MINHA VIDA....

Na foto, vista parcial da Igreja de São Miguel Arcanjo e Santa Luzia na Vila Americana.



A Vila Americana é um bairro de Volta Redonda muito especial para mim. Não é o lugar em que nasci, apesar de eu sempre dizer que sou nascido e criado lá. Nem foi o primeiro lugar em que vim morar quando cheguei à cidade, em 1977, aos quatro anos de idade. Morei antes no Eucaliptal. Mas falo com orgulho da Vila Americana como o meu ponto de origem porque até chegar lá o único mundo que eu conhecia era o interior da minha casa, sob a proteção da minha mãe e do meu pai e a cumplicidade do meu ainda único irmão, Ricardo. Cheguei na Vila Americana aos seis anos e de lá só fui sair (mais ou menos) aos trinta e dois.


Eu saí da Vila Americana, mas a Vila Americana nunca saiu de mim. Nós, que tivemos a honra de morar nesse pedaço especial da cidade, espremido entre a linha de trem e o Rio Paraíba, aos pés do grande morro que separa nosso bairro do Santo Agostinho e que hoje abriga os complexos da Caviana e Conquista, temos uma cumplicidade no olhar e na fala, uma forma de comunicação que só quem é da Vila Americana entende.

Sempre que encontro um antigo amigo de lá, vêm as lembranças da Vila Americana da nossa época. E é estranho isso, pois sempre falamos com um certo saudosismo de coisas que, em sua maioria, ainda estão lá: A Escola Municipal John Kennedy; o Ginásio do J. B. de Athayde, o Clube do Flamenguinho (esse nem uma sombra do que já foi); o Campo do Americano (ficou no passado mas é vivo na memória de todos. Até meu pai foi um dos "craques" do Americano F. C.); o Bar do Carlão (o bar não, mas o Carlão ainda tá lá, graças a Deus, firme e forte); as festas em que entrávamos sem convite, todo o sábado, no Clube do Saae, a "Barraca do Teleco" nas festas da igreja, os Loucos Pela Arte... tudo isso e as pessoas envolvidas ainda estão por lá, nós é que não estamos mais. E não falo isso com mágoa não, pô! A vida segue, as coisas mudam, mas dói um pouquinho o coração ver que a Vila Americana mudou demais.

As novas gerações têm uma relação diferente com a vida em comunidade. A sociedade ficou mais individualista. Ainda bem que o pessoal que viveu e cresceu naquela época, vira e mexe, toma algumas iniciativas para mostrar a moçadinha de hoje o que é um bairro que é quase uma família.

Pois então, esse blá-blá-blá todo foi para falar para vocês da mais nova idéia em que meus irmãos da Vila Americana destemidamente se lançam e eu, desde já, abraço com entusiamo: a fundação de um bloco de carnaval no bairro.
Pois é, recebi na tarde chuvosa deste domingo um telefonema do amigo-quase-irmão Borginho dando conta da fundação do bloco, das figuras envolvidas na empreitada, dos preparativos e me convidando para ser o puxador do samba. Lisonjeado e feliz, aceitei na hora. Estaremos nos reunindo amanhã (29) para definirmos o furdunço. Peço já a proteção do Arcanjo Miguel, nosso padroeiro e a orientação de Oxóssi. Oke Arô, meu pai.
Aguardem em breve novas notícias do bloco.

Inté.

MÚSICA PARA MEUS OUVIDOS FAMINTOS

Creio que meus fiéis boêmios/seguidores merecem uma explicação: Desde o dia 23/06 que eu não posto um texto realmente escrito por mim nesse blog. Os três últimos posts, apesar de terem grande significado para os propósitos do boteco, foram meras reproduções de textos de outrem... Mas não foi descaso não. Foi falta de tempo mesmo. Muito trabalho, um problema ali, outro problema aqui e já que eu não consigo ficar rico com os ad senses da vida, o blog foi descendo na minha lista de prioridades. Bem, mea culpa feita, pretendo agora retomar nossa programação normal. Obrigado a vocês que estão sempre no balcão do boteco, ávidos por essas doses etílicas de cultura e entretenimento.

Hoje quero falar de música. Mas especificamente de download de música. Quem me conhece sabe que sou um consumidor voraz desse produto. E como tenho gosto eclético, no meu player rola de tudo um pouco (com restrições, é claro... estou falando de Música com "M" maiúsculo) e vivo sempre procurando por novidades. Não costumo apoiar ou fazer propaganda de nada que seja ilegal, mas com relação ao download de músicas há várias questões que são altamente discutíveis. Uma delas, a ganância da indústria de música, já é assunto batido. Encontrar boa música que ainda esteja em catálogo e com preços dentro da nossa realidade é outra. Pensando nessas duas questões é que costumo fazer meus downloadezinhos aqui, sem a intenção de prejudicar ninguém (grande parte dos artistas até apoia isso). Vou falar então sobre três sites, sendo que dois deles oferecem downloads inteiramente legais e gratuitos, e que são as fontes onde tenho, nos últimos tempos, buscado alimento para meus ouvidos esfomeados de música de qualidade.

Esses sites oferecem música de graça e me fazem pensar que o erro da indústria fonográfica ao condenar o download, está no fato de não compreender a dinâmica do compartilhamento de músicas pela internet. Pense bem: se você encontrasse material já fora de catálogo ou muito raro, com qualidade e disponível para download por um preço razoável, você não concordaria em pagar, até para ter a consciência de estar fazendo tudo dentro da lei? Pois é... Mas enquanto os patetas da indústria não sacam isso e ficam tentando nos reprimir (veja esse texto) nós continuamos a pegar música ilegal na internet. Fazer o quê?

Agora vamos a minhas recomendações: O primeiro deles, que foi um dos mais felizes achados da blogsfera brasileira é o grande Sacudinbenblog, criado e administrado pelo Marcel Cruz, que eu não conheço, mas imagino ser um grande cara, pois tem um trabalho do cacete para pesquisar, resenhar e disponibilizar pérolas, algumas há muito esquecidas, da melhor música brasileira e estrangeira, num belo serviço à cultura. Como o nome do blog já sugere (foi tirado do antológico disco Sacudinbensamba do Jorge Bem), o que rola lá é o velho e bom Samba Rock e seus congêneres. Vale à pena uma demorada visita. O Marcel disponibiliza o disco para download e faz uma esperta resenha do mesmo, sempre com referências legais de quem sabe do que está falando. Encontrei muita coisa boa no Sacudin. Recomendadíssimo!

Outra forte recomendação é o Trama Virtual, do qual já falei muito por aqui. Mantido pela Gravadora Trama, que sempre tem inovado e seguido na contramão do restante da indústria, esse site possibilita o compartilhamento de música entre quem produz e quem consome, (tenho inclusive algum material disponibilizado lá), tudo de graça. Eles têm inclusive um espaço no site, o Álbum Virtual, onde se pode baixar ou ouvir discos completos de grandes nomes da música brasileira, tudo sem infringir lei alguma. Eles criaram um sistema chamado "Download Remunerado" no qual um patrocinador paga ao artista toda vez que seu disco é baixado. Idéia genial.

O último, que foi o que eu descobri graças ao player de música nativo do Ubuntu, o Rhythmbox, que já tem em sua interface um link, é o Jamendo, que em tese tem o funcionamento muito parecido com o Trama Virtual, mas disponibiliza música dos mais variados tipos e de artistas do mundo todo. O material é muito bem organizado e você pode ouvir as músicas antes de baixá-las. Mas para mim, o grande lance do Jamendo é que ele disponibiliza, além do link direto, a opção de baixar os discos em torrent. Tudo sob as normas da Creative Commons. Uma "mão na roda", como diria meu avô. Esse site é um projeto que começou em Luxemburgo e agora já tem versões em várias línguas (inclusive Pt-Br). Lá encontrei muita coisa boa, principalmente projetos de Dub, Drum'n'Bass e Jazz que eu nunca tinha ouvido falar. Siga o link imediatamente e seja feliz. Vale até uma visita à página do projeto na Wikipedia para conhecer melhor a missão do Jamendo.

Além desse, existem muitos outros, é claro. Legais e ilegais... quem conhecer algum que seja organizado e ofereça material de qualidade, por favor, deixe nos comentários.

That's all, folks!

Até a próxima.

NALGUM LUGAR

Para Paulinha:

  
"Nalgum lugar em que eu nunca estive
Alegremente além
De qualquer experiência
Teus olhos tem o seu silêncio

No teu gesto mais frágil
Há coisas que me encerram
Ou que eu não ouso tocar
Porque estão demasiado perto

Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado como dedos
Nalgum lugar

Me abres sempre pétala por pétala
como a primavera abre
Tocando sutilmente, misteriosamente
A sua primeira rosa

Ou se quiseres me ver fechado
Eu e minha vida
Nos fecharemos belamente, de repente
Assim como o coração desta flor imagina
A neve cuidadosamente descendo em toda a parte

Nada que eu possa perceber neste universo
Iguala o poder de tua intensa fragilidade
Cuja textura
Compele-me com a cor de seus continentes
Restituindo a morte e o sempre
Cada vez que respirar

Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre
Só uma parte de mim compreende
Que a voz dos teus olhos
É mais profunda que todas as rosas
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas."

(Poema de E. E. Cumings, traduzido por Augusto de Campos, musicado por Zeca Baleiro)

Nota: Amor, perdão por pedir ajuda aos poetas, mas eu jamais conseguiria usar imagens tão belas para me expressar.

CARTA ABERTA AOS MEMBROS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Retrato do autor no terreiro de Mãe Deda. De calças curtas e em seu habitat natural.
Senhores Deputados,

Foi com profunda preocupação que recebi a notícia de que o Deputado e pastor evangélico Edson Albertassi, membro dessa casa, apresentou um projeto com o objetivo de anular a lei que declara a Umbanda e o Candomblé bens imateriais do Estado do Rio de Janeiro. O mesmo parlamentar tem, sistematicamente, apresentado projetos de lei que atacam frontalmente as crenças afro-brasileiras e ameríndias em nome do que ele mesmo chama de conduta cristã.

Em um contexto em que demonstrações de intolerância religiosa se tornam cada vez mais costumeiras, a proposta do cruzado-legislador com sede de guerra santa se configura como ameaça aos princípios da tolerância e do respeito às diferenças, elementos básicos para o convívio fraterno da comunidade.

Certa feita escrevi um texto sobre a religiosidade brasileira e a relação de nosso povo com as divindades. Cito alguns trechos, nesse momento em que nossos ritos sofrem toda sorte de ataques, do que então expressei:

"Somos, os brasileiros, filhos do mais improvável dos casamentos, entre o meu compadre Exu e a Senhora Aparecida - a prova maior de que o amor funciona. E Tupã, que se vestiu com o cocar mais bonito para a ocasião, celebrou a cerimônia entre a cachaça e a água benta.

Uma das nossas mãos está calejada pelo contato com a corda santa do Círio de Nazaré - a outra tem os calos gerados pelo couro do atabaque que evoca as entidades. As mãos do Brasil e do seu povo.

Nossos ancestrais passeiam pela vastidão da praia sagrada dos índios de Morená, retornam à Aruanda nas noites de lua cheia, silenciam no Orum misterioso das almas e florescem encantados nas folhas da Jurema.

Os guerreiros de nossas tropas trazem a bandeira do Humaitá, o escudo de Ogum e o estandarte da pomba branca do Divino Espírito Santo - a mesma pomba que pousou na ponta do opaxorô de Obatalá. São essas as nossas divisas de guerra e paz; exércitos do Brasil."

Escrevi isso porque, senhores deputados, nasci e cresci dentro de um terreiro de macumba. Falo dessa procedência com orgulho tremendo. Minha avó era mãe de santo na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, versada nos segredos da jurema e da encantaria. Fui, por isso mesmo, batizado nos conformes da curimba - protegido pelo caboclo Pery e pelo Exu Tranca Rua das Almas e oferecido aos cuidados da lua velha, num terreiro grande de Nova Iguaçu.

Tive uma infância alumiada pelo rufar dos tambores brasileiros e pelo alumbramento com os caboclos de pena e os marujos e boiadeiros da minha macaia querida. Quem viu, viu - e sabe do que eu falo.

Em um certo momento busquei as raízes mais profundas. Fui ao candomblé, me iniciei, recebi um cargo, cantei em iorubá e conheci a religiosidade afro-caribenha. Em meu peito, todavia, continuou batendo forte a virada dos caboclos do Brasil. De mim, que atravessei o mar só para ver a juremeira, isso ninguém tira !

Conversei com Seu Zé; recebi conselhos de Seu Tranca Ruas; vi a dança de guerra de Seu Tupinambá; fui seduzido pela beleza de Mariana e pela saudade de seu navio; temi a presença de Seu Caveira; cantei a delicadeza da pedrinha miudinha; respeitei o cachimbo velho de Pai Joaquim; me emocionei quando Cambinda estremeceu para segurar o touro bravo e amarrar o bicho no mourão do tempo.

É por isso, pelo meu encanto pela Mãe d´Água, pelo temor amoroso ao caboclo Japetequara - veterano bugre do Humaitá - pela reverência aos que correram gira pelo norte, que me emociono com os santos brasileiros, pretos e índios como nós - por amor ao Brasil ! Amor bonito e dedicado, feito o cocar de Sete Flechas e o diadema de Seu Sucuri no limiar das luas.

É por tudo isso ainda, senhores, que afirmo: Não queremos converter e não queremos ser convertidos. Queremos crer apenas que o Pai maior, em Sua sabedoria, revelou-se a cada povo trajando a roupa que lhe pareceu mais conveniente para que os homens o reconhecessem, feito Zambiapungo e Olorum nos infinitos e Tupã nas matas.

Os deuses que vieram dos porões dos tumbeiros e das florestas do Brasil amenizaram séculos de dor e sofrimento e forjaram a armadura da resistência e da dignidade de um povo. Os deuses do Brasil nos ensinaram a olhar a natureza com os contornos da poesia e a delicadeza dos ritos imemoriais. Essa é a tessitura nossa de olhar o mundo.

Divinizamos os homens e humanizamos os deuses para construir uma civilização amorosa nos confins do ocidente. Em nome do oxê de Xangô, do pilão de Oxaguiã, do xaxará de Omolu e do ofá de Oxossi não há um só genocídio perpetrado na face da terra. Nunca houve qualquer guerra religiosa em que se massacraram centenas de milhares de seres humanos em nome da fé nos encantados e orixás. A insígnia de nossos deuses nunca foi a mortalha de homens comuns - nós apenas batemos tambor e dançamos, não morremos ou matamos pela nossa fé.

Eu conheci e (me) reconheci (no) meu deus enquanto ele dançava, no corpo de uma yaô, ao ritmo do vento que balançava as folhas sagradas do mariô, amansando o chão de terra batida à virada do rum. Meu general, com a majestade dos seus passos, fazia farfalhar a copa dendezeiro com a destreza de sua adaga africana. O alfanje de Ogum alumiou meu mundo.

Que cada um tenha o direito de encontrar o mistério do que lhe é pertencimento, em gentileza e gestos de silêncio, toques de tambor e cantos de celebração da vida.

Olorum Modupé, Nzambi-ampungu!

Luiz Antonio Simas, Ifábiyi.

Post original em: Histórias Brasileiras

LOGOS OCULTOS: 12 CRIAÇÕES GENIAIS COM SÍMBOLOS SECRETOS - DO WEB URBANIST

Salve, amigos!

Todos vocês sabem que eu gosto muito de Design e acompanho vários blogs e sites sobre o assunto, além de, às vezes, me aventurar nessa área com alguns desenhos que faço para empresas e instituições. Qualquer hora vou fazer um post com as minhas criações, afinal, estou precisando mesmo montar um portfólio...
Dentre os vários tipos de criação em artes visuais, a que mais me fascina é o desenvolvimento de logotipos. É onde o designer pode mostrar todo o seu talento para a harmonização de formas e fontes e exercitar o poder de síntese, que é a alma do bom design. Um dos blogs sobre design que eu mais leio e que por isso é presença constante no blogroll do Boteco aqui à sua direira, é o Web Urbanist que dessa vez fez uma coletânea dos melhores logos que contém símbolos e desenhos ocultos de forma genial em seu design. Como o blog é em inglês, além de disponibilizar o link para o post original aí ao lado, traduzi livremente o texto e publico a seguir para os leitores do Boteco que não leem o idioma de Shakespeare. Aproveitem. É coisa fina:

Um logotipo é a parte mais visível do branding visual de uma empresa pois é estampado em tudo: de painéis a canetas promocionais. Às vezes você pode olhar novamente para uma marca que já lhe é familiar e notar, em meio ao design, pequenos (e geniais) símbolos ocultos que sempre contém mensagens que reforçam a identificação da marca com a empresa que representa. Esse tipo de "mensagem subliminar" a partir de combinações inteligentes de formas e fontes ocultas fazem a diferença nesses 12 exemplos a seguir:

London Symphony Orchestra

A Orquestra Sinfónica de Londres escapou um pouco da sua aura de "sisuda" com o redesenho de sou logotipo. Apresentando a sigla LSO em letras numa fonte script que fazem uma moderna linha única ondulada. Mas o que não se pode ver imediatamente é a imagem abstrata que essas linhas formam: um maestro segurando a batuta na mão direita e conduzindo sua orquestra!


Toblerone
Você provavelmente já viu dezenas de vezes o logo do Chocolate Toblerone - é apenas uma montanha, certo? Olhe mais perto. Há a forma de um urso escondido no espaço em negativo nessa montanha. Esse urso simboliza a cidade de Berna, na Suíça, onde o monte Matterhorn que inspirou o logotipo está situado.


Eight 20
Quando você vê um logo deve pensar consigo mesmo: "Qual foi o pensamento do designer? Como é que esta imagem aleatória pode contribuir para a identificação dessa marca?" Neste caso, pelo menos, você não está na brincadeira - a menos que seja um nerd de matemática. Se você visualiza os quadros escuros como "1" e os claros como "0", as duas linhas de leitura formam 1010000 e 0010100, ou seja, os números 80 e 20 em código binário - o nome da marca!

Cluenatic


Talvez não seja o logo mais legível de todos os tempos, mas funciona perfeitamente como uma representação visual do jogo puzzle "Cluenatic", o objetivo do puzzle é desvendar quatro pistas. Cada uma das quatro cartas no mundo "clue" são aninhadas dentro das outras, como um labirinto.


Sony Vaio

VAIO foi originalmente apenas uma sigla para Video  Audio Integrated Operation - desde então, mudou para Visual Audio Intelligence Organizer. Mas o estranho e aparentemente abstrato logo vem de outra feliz sacada: As letras V e A, da forma como estão no logo, representam uma onda analógica e as letras I e O, o código binário digital, ilustrando perfeitamente a integração da tecnologia analógica e digital.

Northwest Airlaines
Antes de mudar e cair no esquecimento devido a fusão com a Delta, a Northwest Airlines teve um daqueles logos que contêm um pouco do simbolismo que passa inteiramente despercebido pela grande maioria do público. Ele tem as letras N e W colocadas dentro de um círculo sem nenhuma razão aparente, mas veja a localização do pequeno triângulo formado no canto superior do "W". É a seta de uma bússula apontando para noroeste (northwest, em inglês).

Milwaukee Brewers
Claro, foi apenas sorte que deu ao time de baseball Milwaukee Brewers um nome com as iniciais "M" e "B", mas isso levou logo um designer muito bom a ver como as formas,  combinando com o espaço negativo em um "b" minúsculo, poderiam formar uma luva com uma bola de baseball nela.

Bison
Projetado para uma banda de rock de Vancouver, este logo é como um daqueles testes para saber o que você vê primeiro: a imagem (usando o lado esquerdo do cérebro) ou a palavra (usando o lado direito).

Museu de Londres
O logotipo do Museum of London é muito mais do que um belo trabalho de aquarela: os vários círculos coloridos representam realmente as formas que a cidade de Londres teve ao longo de sua história.

Hope For African Children Initiative
Num golpe de vista, você é atraído primeiramente para olhar o espaço negativo - o continente africano em branco. Um olhar mais atento revela as formas de uma criança e uma mulher de cada lado em tons de laranja.


Presbyterian Church
Precisando inserir muitos símbolos em um logo e ainda assim mantê-lo organizado e visualmente atraente? O logo da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos parece ser um bom exemplo: uma cruz, uma bíblia em um púlpito, vestes de um pastor, uma pomba, um peixe e fogo, tudo dentro de uma mesma forma básica.


Elefont
Desenhado por Mike Erickson (também conhecido como Logomotive) para uma empresa fictícia, esse logotipo tem dois diferentes elementos combinados em um símbolo simples e visualmente impressionante: Essa minúscula curva forma um "e" de elefont e destaca uma fonte elegante. Tem também uma tromba de elefante escondida dentro dela.


Fantástico, não é mesmo? Para quem quiser o link para as imagens originais, é só ir no post do Web Urbanist, aí no blogroll ao lado.
Não posso deixar também de citar um exemplo do Brasil, e na minha opinião o logotipo mais genial dentro dessa categoria de "símbolos ocultos" é o do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia):
Observe a genialidade da simplicidade: uma letra "I" maiúscula serifada, cujo corte feito longitudinalmente ao meio dá a idéia da letra "N", composta com as partes em negativo da imagem. Dá-lhe Brasil. Infelizmente, no site do instituto não encontrei maiores informações sobre o logo, tipo quem desenhou, em que ano, etc. Quem souber, favor informar aí nos comentários.


Até a próxima.

UM SUCESSO DE FRACASSO

Vamos falar hoje de um cara que deve ser uma incógnita para muita gente. Ele é bem conhecido no mundo virtual, principalmente pela galera aqui da região, e atende pela alcunha de "O Merda Fracassado". Quem é esse cara afinal? Qual é a dele? O que ele escreve é real? Bem, como diria Jack, The Ripper, vamos por partes:
Conheci essa figura em Barra do Piraí no início dos anos 90. Naquela época ele tocava em uma banda chamada "Engodo We Trust", na qual era baixista e tinha o singelo pseudônimo de "Cheiroso". O "Engodo", integrava o Movimento Mongo Core, assim como a banda que eu tocava, "Los Broñas", cuja história já contei aqui. Naquela época, o nosso bom amigo já era um cara muito ligado em cultura e em literatura e tinha altas referências. De vez em quando íamos, eu e meus amigos aqui de VR, vagabundear por aquelas bandas e rir muito das histórias malucas desse cara e dos seus amigos, Lúcio, Murunga, Rato, Thompson, entre outras peças. Ele também o autor do maior hit dos Broñas: Caguei no Scargot!
Pois bem, deixando o passado de lado, vamos à ficha corrida do "Cheiroso" de hoje em dia. Para quem não sabe, o nome real dele é Alexandre. Olha só o perfil do cara:

Alexandre Coimbra Gomes nasceu em Barra do Piraí, região sul-fluminense do Estado do Rio de Janeiro, numa sexta-feira, 13 de junho de 1975, às treze horas. Mas ainda bem que não é supersticioso. Tem escritos (mas não publicados) os livros de contos Levados, privados e depravados (2004) e Carne-de-vaca (2005) e dois livros de humor: Como ficar rico escrevendo livros que ensinam como ficar rico (2006) e Autobiografia de um merda (2007). Vive como professor de Língua Portuguesa e Literatura. Seu conto "APAE" foi publicado na coletânea Aos pés das letras: uma antologia podólatra da literatura brasileira.

Você, nobre leitor do Boteco deve estar se perguntando porque eu resolvi escrever um post sobre esse cara... a resposta é simples: porque ele é foda!
Alexandre é um escritor de primeira, que segue a tradição da literatura marginal que eu tanto li e admirei ao longo dos anos 80 e 90. Caras como Laert Sarrumor, Furio Lonza, Glauco Mattoso, Lourenço Mutarelli e Marcatti, uma galera que era sempre encontrada nas páginas da revista "Chiclete Com Banana" do Angeli e, pelo menos para mim, eram um link com a contracultura americana de caras como Robert Crumb, Jack Kerouac e Hunter Thompson. Não sou um grande conhecedor de literatura, nem de cinema, nem de música, nem de nada... mas sei muito bem o que me agrada. Essa literatura suja, urbana e subversiva teve uma importância chave na minha formação. Grata foi a surpresa, quando, nesse final de década de cultura enlatada, pensadores de butique e pseudo-felicidade vendida em shopping center, surge o velho amigo Alexandre, das profundas da década de 90, nos lembrando que a vida é uma droga, que o ser humano é podre e que o futuro só pode dar merda.
Esse post é apenas um reconhecimento de que esse cara e seus textos são essenciais hoje em dia. Afinal "O Merda Fracassado" é cada um de nós. Numa sociedade em que o sucesso acima de tudo é pregado como um mantra eterno, um escritor que se reconhece como fracassado lava a nossa alma e nos torna aptos a reconhecermos também nossos pequenos e grandes fracassos diários.
E, conhecendo o cara, acho que é real a possibilidade de tudo o que ele escreve ser realmente verdade. Precisamos de algum editor com visão para publicar urgente seus livros e inaugurar um novo estilo literário: em vez de auto-ajuda a auto-sabotagem. Psicologia reversa... É sucesso garantido. Taí, Alexandre, um post que você nunca poderá publicar em seu blog: "Fracassado fracassado", porque em termos de fracasso, você já é bem sucedido. Sou seu discípulo.

Abraço.

Links para algumas páginas:

PREPARE-SE

Dia desses chegou às minhas mãos um DVD muito interessante. Sob o título geral de "PREPARE-SE", é uma série de vídeos que falam sobre as mais diversas teorias conspiratórias e principalmente sobre os tais "Iluminati". Pelo linguajar do apresentador, acredito que o vídeo tenha origem em alguma igreja evangélica. O apresentador, cujo nome não aparece em nenhum dos vídeos, me parece ser um pastor e fala com muita eloquência. Vai mostrando uma sequência de teorias sobre os mais diversos assuntos, abordando desde eventos históricos, como o 11 de setembro até fenômenos da cultura pop, como Matrix. Suas explicações são permeadas de vídeos tirados da internet, reportagens e algumas imagens bem chocantes. A idéia defendida é de que existe uma conspiração mundial e que todos os fatos apresentados estão interligados, tendo como articuladores uma espécie de irmandade chamada "Iluminati", constituída pelas treze famílias mais poderosas do mundo e que surgiu ainda durante o período babilônico, indo para o Egito, daí para a Grécia, Roma, Inglaterra e por fim, Estados Unidos, país que seria, atualmente, o coração da organização que tem em seus quadros presidentes, artistas, banqueiros, políticos e até o próprio Hitler. Essa organização teria um plano de dominação mundial e contaria com apoio do próprio cramulhão, o anhangá tinhoso, o cânho do pé preto, através de um pacto e rituais com sacrifício de crianças.
Sinceramente, essa parte de pacto com o diabo não me convence, pois se fossemos botar na conta do coisa ruim todos os males da humanidade chegariamos à conclusão de que ele é mais poderoso do que o próprio Deus ou que Deus, sendo onipotente, seria então conivente com o mal. Para mim isso é bullshit, já que o diabo somos nós memos. Deus deu o livre arbítrio, daí o ser humano fez, e faz, as suas lambanças.
Mas, voltando ao DVD, alguns dos vídeos apresentam evidências bem interessantes de que algo estranho está acontecendo. O suficiente para me deixar bastante intrigado.
Um dos que mais me chamaram a atenção foi sobre a agência federal de controle interno, a tal FEMA, criada no governo Bush para vigiar os próprios cidadãos americanos e que já construiu mais de trezentos campos de concentração, nos moldes dos construídos pelos nazistas, com fornos e tudo, e mantem vários depósitos de caixões de plásticos, onde cabem até três pessoas adultas. Segundo informações, eles têm em estoque mais de cinco milhões desses caixões. Pra que será? Genocídio? Eliminação em massa das "raças inferiores"? Pesquisei na internet e vi que é realmente verdade, os campos de concentração, os caixões, além de trens-presídios e ônibus para deslocamento de populações inteiras estão espalhados pelos EUA, para quem quiser ver. Assustador, no mínimo.
Assisti o DVD todo. Não é cansativo e tem momentos até divertidos, como quando falam mal de Rede Globo (também, segundo eles, pertencente aos Iluminati) ou quando parodiam o filme Matrix.
Descobri na internet um link para alguns dos vídeos no you tube (http://www.youtube.com/user/verdadeoculta), caso alguém queira uma cópia do DVD, faça contato comigo.
Enquanto isso vou ficar aqui me preparando para o Armagedom.

Até lá.

PERIGO: O BONDE DAS DESCONTROLADAS SE PREPARA PARA A COPA

Pela primeira vez aqui no blog uso o recurso de "quibar" um texto de outrem. Ora, mas nesse caso trata-se de LUIZ ANTONIO SIMAS. E além de ser esse cara, ele ainda escreveu exatamente o post que eu queria escrever aqui (claro que muito melhor do que eu escreveria), mas taí essa pérola para os leitores do Boteco apreciarem. Só colocar no blogroll não seria suficiente...

Para ver a postagem original do Simas, recomendo fortemente visitar o blog dele, o ótimo HISTÓRIAS BRASILEIRAS, e virar seu seguidor também.
Ao contrário do Simas, não gosto de futebol, mas penso a mesma coisa sobre os torcedores(as) de plantão que surgem em época de copa. Haja paciência.
Fiquem então com o mestre Luiz Antonio Simas:


Outro dia fui a uma festa de casamento que virou, lá pelas tantas, um baile funk. Uma das pérolas do repertório - que sacudiu a rapaziada -  foi uma música [sic] com letra de grande sensibilidade poética: Elas estão descontroladas! Ah! Ah! Elas estão descontroladas!

Sim, o batidão funkeiro insistia em martelar: Elas estão descontroladas! Imediatamente, sob efeito da britadeira sonora que vitimou meus ouvidos e quase me fez enfiar a cabeça na privada,  pensei na Copa do Mundo da África do Sul e no tal do descontrole feminino. Explico a relação.
Conheço gente que tem com a lei do impedimento a mesma relação que eu tenho com a lei das órbitas elípticas de Kepler: total desconhecimento. Não obstante, essa mesma gente costuma se mobilizar para torcer pelo escrete nos mundiais com um fervor patriótico digno de um Caxias, uma Maria Quitéria, um Osório.
Duas senhoritas do colégio onde trabalho, por exemplo, foram ao mercado popular para comprar adereços auriverdes e vuvuzelas esporrentas. Querem, as meninas, se enfeitar nas cores nacionais para curtir o mundial. Travei com elas o seguinte diálogo:

- Meninas, eu não sabia que vocês gostavam tanto de futebol. Que beleza!

- Nós detestamos futebol. Mas na Copa do Mundo é outra coisa. A gente quase morre de tanto torcer pela seleção. Chorei muito e passei mal quando o Brasil perdeu pra França em 2006.

- ...

Soube hoje que uma boate de Copacabana, reduto dos gays descolados, passará os jogos em telões. A mesma coisa aconteceu na copa de 2002, quando a decisão Brasil e Alemanha, realizada às oito da matina, foi assistida pelo público alternativo numa festa com o sugestivo nome de Alvorada das loucas por um canarinho.
O fenômeno, enfim, é paradoxal e recorrente: o torcedor mais histérico em períodos de Copa do Mundo geralmente detesta futebol. A transformação é digna de um show da Konga, a mulher gorila. Mal a bola começa a rolar e  surgem os primeiros sinais de  descontrole emocional. Gritos, palavrões, pitis, piripacos, quedas de pressão e, eventualmente, desmaios, fazem parte do repertório desses futebolistas bissextos - quase sempre mulheres e bichas.
Não, não estou sendo preconceituoso. Não é preconceito - é conceito mesmo.  Já caí na esparrela de aceitar convites bem intencionados e acabar  assistindo a jogos de copa em eventos que mais pareciam micaretas. Presenciei saracoticos femininos e pelo menos uma ameaça de suicídio de um fresco. A boneca, que mal sabia que a bola é redonda, se tremelicava toda e teve que assistir ao jogo sob efeito de calmantes.

O problema é que as descontroladas não torcem; fazem performances. Se paramentam com camisas  customizadas, unhas pintadas de verde limão e amarelo ovo, purpurinas, brincos que mais parecem argolas de ginástica olímpica e declarações do tipo: ah...se não ganhar o Brasil, torço pela Itália. Os italianos são uns gatos.

Registro: estou longe de achar que futebol é coisa só pra homem. Quero crer que ninguém detesta mais esses saracoteios femininos do que as mulheres que de fato entendem do babado. Nada pior para uma mulher que gosta de futebol do que assistir os jogos na companhia das desvairadas de plantão.


É por isso que, para concluir, me declaro devidamente vacinado contra essas maluquices. Aviso aos navegantes, e juro por São Mané Garrincha, que assistirei aos jogos do escrete em petit comité. Quero estar cercado, na medida do possível, apenas de gente amiga e que acompanha futebol com alguma regularidade.

Que os deuses do futebol me mantenham longe, muito longe, desse bonde das descontroladas:

Amém.

Mercado Livre

"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden