MEU SANTO TÁ CANSADO


Meu santo tá cansado
Não vou dizer que tenho saldo sobrando
Não tô devendo, mas a vida de homem é assim mesmo
Uma lona de freio aqui
Um motor fazendo um barulho ali
Não vou dizer que não menti
Meu santo tá cansado
Que sou todo direito e sei a hora de ser covarde
Não pude ser tudo o que quis, armei umas e outras
Tomei e dei volta como o drible sem objetivo
Que se perde além da linha lateral
Como drible sem objetivo
Mesmo sem carteira azul, sempre fui trabalhador
Às vezes a gente reza a cartilha e sai de brita
Às vezes a gente corre atrás do finado
Tem jogo que começa acabado
Já jurei, já jurei
Com dedos cruzados, com dedos cruzados
Não tô aqui pra ser herói cuzão
Pra pagar de otário
Não tô aqui pra pagar pau pra fardinha azul
Aqui não tem cabeça baixa, também não tenho pressa
Não sou bebedor de água benta,
Se liga nessa, vai, ajoelha e reza
Meu sangue mais de uma vez subiu
Como o céu azul, meu céu azul de abril
Limpo, lavabo, brilha no céu mais bonito do espaço
Depois das águas de março
Meu santo tá cansado.
(O Rappa)

1 comentários:

vadinholuis@hotmail.com 16 de novembro de 2010 às 06:16  

Uma das minhas prediletas!

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"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para abrir um bar."
W. H. Auden