A música alimenta o espírito. Tenho plena certeza desse fato e hoje, segunda-feira, essa certeza veio me confortar e me dar novas energias para seguir em frente na batalha.
Todas as manhãs, quando chego à minha sala, aproveito a relativa calma do horário e ligo o computador. Deixo ele escolher aleatoriamente a música no player, e sabe o que ele tocou esta manhã? “A Day In The Life” dos Beatles... não podia haver escolha mais acertada... A letra da música fala do dia comum de alguém, que acorda, toma café e lê as notícias, mas a magia por trás, a melodia, o arranjo e o sentimento com que Paul McCartney e John Lennon contam essa história banal a transformam em quase um mantra... Pronto! Já tenho razões suficientes para ter um ótimo dia, uma ótima semana!
Dia desses li sobre a entrega do MTV Music Awards no blog do Jamari França onde ele diz que “A maior de todas as artes para mim foi insultada de todas as maneiras possíveis naquelas duas horas e pouco de celebração do mainstream. Lixo atrás de lixo em embalagens de luxo que, desembrulhadas, revelam um cheiro fétido quando não o mais absoluto vazio.” No mesmo post ele fala de um maestro africano, Ray Lema, com quem conversou, que lhe disse “se essas pessoas soubessem o que a música representa no contexto universal elas teriam maior respeito por ela.” Me lembrei na hora de frase parecida, dita pelo Hermeto Paschoal ao assistir uma performance do Frank Aguiar: “Música é uma coisa sagrada... Não se pode fazer isso com a música, não!”
Minha companheira de vida e de reflexões, a Paulinha, acha muito engraçado, toda vez que tem uma música dessas tocando (do tipo que funciona apenas como desculpa para mostrar mulher com a bunda de fora ou com trocadilhos infames sobre sexo que qualquer criança de seis anos aprende e sai cantando, com a conivência dos pais), a maneira como eu me incomodo e não consigo abstrair, deixar aquele som em segundo plano e pensar em outra coisa... simplesmente não dá! Como músico que sou, a música me atinge em cheio! E não é o caso de ter “ouvido absoluto”, que isso eu não tenho mesmo... é o fato de estarem desrespeitando a música, que, assim como o velho Hermeto, eu também sei que é sagrada.
O mundo sem música seria um lugar lúgubre, sem luz, sem paz e sem sentimentos elevados... acredito que Deus só concede o dom da música (muito mais do que saber tocar, saber ouvir) àqueles espíritos que já atingiram um determinado grau de elevação. É impossível ficar indiferente à música. A boa música (não falo de gosto, mas de qualidade) enobrece a alma, ilumina o dia e faz você agradecer pelas boas coisas da vida. Uma música bem feita, mesmo que seja voz e castanholas, é tão somente uma oração de profundo agradecimento e atrai para quem a toca e ouve as vibrações mais elevadas. Nos aproxima de Deus.
Uma música ruim incomoda mais do que aquele pernilongo zuando no ouvido às três da manhã. Não traduz nada de sentimento e te deixa deprimido, nervoso e angustiado. Definitivamente, não tenho saco para isso e procuro poupar ao máximo meus ouvidos. Assim como eu imagino que rango de fast-food deve estragar o aparelho digestivo (e todo o resto), música enlatada deve estragar o aparelho auditivo e contaminar a alma...
Aqui nesse boteco só entra boa música. Aguardem para breve o primeiro “happy hour” do Boteco do Ganso...
Um abraço a todos e uma ótima semana (com muita música de qualidade!)
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